Portadores de diabete descontrolada têm maior risco de complicações da covid

Simão Lottenberg comenta relações entre covid e diabete e alerta para a necessidade de se atentar aos cuidados com a comorbidade

 02/06/2022 - Publicado há 2 anos
Montagem sobre foto: Marcos Santos/Jornal da USP
Quatro entre dez pacientes com diabete morrem ao se internar com covid – Montagem sobre foto: Marcos Santos/Jornal da USP
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Portadores de diabete que não estão fazendo o controle adequado da doença têm maior risco de sofrerem complicações graves e de serem internados nos casos de contaminação pela covid-19. Essas e outras relações do coronavírus com a diabete estão sendo estudadas por pesquisadores em todo o mundo.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Simão Lottenberg, endocrinologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, especialista em diabete, explica que, por conta do sistema imune e metabólico dos portadores de diabete, eles “têm maior morbidade e mortalidade em qualquer caso de internação hospitalar. Por isso, a falta de controle da doença é um risco. Já antes da pandemia a gente discutia sobre isso, mas, com a covid, isso se acentuou ainda mais. As pessoas estavam  ‘despreparadas’ para uma situação de estresse como essa.” A piora da covid pode levar à piora da diabete. “Um círculo vicioso em que um alimenta o outro.”

Segundo pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará, quatro entre dez pacientes com diabete morrem ao se internar com covid. O maior risco de morte se dá não só pela diabete em si, mas por outras comorbidades que a maior parte dos portadores da doença geralmente têm, como obesidade e hipertensão. “Todos esses fatores de risco para complicações da covid estão presentes nos pacientes portadores de diabete.”

Casos curiosos

Simão Lottenberg – Foto: Reprodução

O professor Lottenberg também cita como relações inusitadas entre a covid-19 e a diabete estão sendo investigadas. Há casos de pacientes que desenvolveram diabete durante a internação por causa da covid, o que pode ser explicado por dois mecanismos. “Uma situação de pré-diabete, de tendência maior (por insulina, obesidade e uma série de fatores), e aí desenvolveria [a diabete]. Por outro lado, haveria uma agressão direta às células do pâncreas que produzem insulina.”

Há ainda casos em que o paciente estava numa internação grave por conta da covid, com vários fatores que poderiam desencadear a diabete, mas acabou apresentando a doença meses depois da alta hospitalar. Por isso, identificar os riscos para a diabete e tratá-la o quanto antes são as principais recomendações para evitar o maior risco de morte e outras complicações de saúde em problemas envolvendo outras doenças, como a covid-19.


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