Ser idoso hoje é muito diferente do que era há pouco mais de 20 anos. O Estatuto do Idoso e a Política Nacional do Idoso trouxeram uma série de benefícios, mas ainda há uma série de desafios que precisam ser superados. Para discutir como o brasileiro está envelhecendo, o USP Analisa desta semana conversa com a pesquisadora do Ipea e coordenadora de Estudos e Pesquisas de Igualdade de Gênero, Raça e Gerações, Ana Amélia Camarano.
“As pessoas estão chegando às idades mais avançadas e chegando com melhores condições de saúde, autonomia e até de renda. Então, hoje é difícil precisar quem é idoso e o que é ser idoso. A legislação, a política nacional do idoso e o estatuto do idoso definem como idoso as pessoas de 60 anos ou mais. E eu acho que, hoje, cada vez mais pessoas chegam aos 60 anos com boas condições e autonomia para levar a vida, seja trabalhando, seja cuidando de seu cotidiano, sem depender de ninguém”, afirma ela.
Além do envelhecimento da população, Ana Amélia alerta que há um outro problema para o qual os países não estão se preparando. “No longo prazo, eu acho que, se não passar por um aumento da fecundidade, não tem solução para a Previdência, não tem solução para cuidados, não tem solução. Porque, na verdade, nós temos uma balança com dois pratos: um está subindo e um está caindo. A nossa sociedade funciona muito na base da solidariedade entre gerações, mas, se você tem uma geração crescendo muito e outra diminuindo, como você faz? Pensa bem: essas crianças diminuindo é a força de trabalho diminuindo”.
O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto.