Pensar a engenharia como meio de solucionar necessidades da sociedade

O professor Paulo Eigi Miyagi orienta estudantes de Engenharia da Poli para o desenvolvimento de instrumentos que possam sair da sala de aula para aplicação prática, sempre de acordo com a proposta de aproximar a Academia da sociedade

 16/08/2023 - Publicado há 1 ano
O grupo de estudantes visou a uma tecnologia que se equiparasse profissionalmente àquela vendida no mercado – Foto: Freepik

 

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Estudantes de Engenharia da Escola Politécnica da USP desenvolvem instrumentos para solucionar problemas presentes na sociedade a partir de materiais acessíveis e de baixo custo. Os trabalhos são propostos e incentivados por Paulo Eigi Miyagi, professor do Departamento de Mecatrônica da faculdade, responsável pela disciplina de Introdução à Engenharia Mecatrônica. 

Um dos projetos de destaque foi um estabilizador de celular feito de canos de PVC que visa a democratizar o acesso à produção audiovisual ao substituir a tecnologia do gimbal. O grupo, composto de estudantes do primeiro ano do curso – Anderson Zuma, Geovanna Almeida, Henrique Martins, Matheus Nakamura, Paulo Diciunas e Ud Pereira –, foi convidado pela Secretaria Municipal de Cultura para apresentar a tecnologia. 

Disciplina do curso

Paulo Eigi Miyagi – Foto: Arquivo Pessoal

O professor destaca a importância da disciplina, na medida em que o início do curso apresenta uma grande carga de teorias básicas e a Introdução à Engenharia Mecatrônica agrega no aspecto mais prático. A ideia dos projetos abrange o processo completo da engenharia, desde a captação de problemas reais até a elaboração de soluções possíveis. 

Miyagi também aponta o papel da disciplina no desenvolvimento da capacidade de trabalho em grupo, além da cooperação social, uma vez que também houve uma avaliação entre os projetos elaborados em sala de aula. 

Projeto 

A partir da proposta do professor de pensar a engenharia como um meio de solução de necessidades populares que envolvessem o celular, Ud Pereira comenta que a ideia de um equipamento que substituísse o gimbal partiu de seu colega, Paulo Diciunas. Com materiais e, consequentemente, um preço mais acessível, o grupo de estudantes visou a uma tecnologia que se equiparasse profissionalmente àquela vendida no mercado. Além disso, com a alta de aplicativos de produção de vídeos curtos no Brasil, os criadores do projeto tinham como objetivo proporcionar melhores condições de gravação para os usuários.  

Os materiais pensados para a confecção do equipamento também foram pensados para uma maior democratização e disseminação. “O material utilizado foi o PVC porque, além de ser reciclável no fim de sua vida útil, ele também possui baixo custo e fácil montagem para a produção em comunidades”, afirma o estudante. O professor comenta ainda que a matéria-prima dos projetos em estágio inicial da disciplina é delimitada a papel ou plástico, a fim de focar na criatividade dos alunos e evitar desigualdades entre os grupos. 

Experiência

Outras experiências da sala também foram elogiadas e destacadas por Miyagi, como dispositivos de segurança para o smartphone em festas e o uso da câmera do celular para o desenvolvimento de um microscópio mais acessível. “Todo ano, nós modificamos um pouco a proposta e orientamos os alunos, que revelam uma boa criatividade de fazer os trabalhos”, explica o professor. 

O trabalho em equipe foi um fator enriquecedor no tocante à organização das etapas do projeto, conforme o estudante. “Essa perspectiva de você sair do mundo teórico das ideias com física, cálculo, álgebra e, de fato, ir para a prática e ver como funcionam as relações humanas no projeto de engenharia, é o principal aprendizado da disciplina”, considera Ud Pereira. 

A possibilidade de investidores se interessarem pelo projeto também é considerada pelos professores responsáveis pela disciplina, segundo Miyagi, contando com uma avaliação dos trabalhos a partir dos olhos de profissionais de outras áreas.


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