A pesquisa Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana apresenta informações sobre a percepção dos moradores de São Paulo sobre o transporte na cidade. Realizado pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, o levantamento aborda questões como o deslocamento na cidade, o uso dos meios de transportes e políticas públicas. Os dados foram divulgados esta semana.
O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia (Procam), aponta que o paulistano deixa de fazer atividades cotidianas devido às carências do transporte público: 40% deixam de ir a consultas médicas e exames (no ano passado, eram 34%); 50% deixam de visitar amigos e familiares que moram em outros bairros; 45% informam que não vão a locais de lazer. “Tudo isso por conta do preço da tarifa de ônibus”, justifica o especialista.
“Quanto tempo em média você diria que leva para se deslocar pela cidade para realizar a atividade principal do seu dia a dia, como trabalho, estudo etc., considerando a ida e a volta?”, foi uma das perguntas do levantamento. Os cálculos chegaram a 47 minutos, “dez a menos que em 2018”, diz Côrtes. Já para quem utiliza carro, uma hora e 35 minutos. No transporte público, uma hora e 54 minutos. Mais da metade dos entrevistados ficava mais de duas horas no transporte.
“Entretanto, São Paulo é uma cidade de serviços”, argumenta o cientista. Por isso, as pessoas se deslocam muito no seu dia a dia. “É diferente de uma cidade industrial, na qual os empregos têm turnos dentro de um ambiente de trabalho”, esclarece. A média foi de duas horas e 25 minutos. Em 2016, eram duas horas e 58 minutos. Nos últimos três anos, a queda foi de 33 minutos. “As pessoas estão se deslocamento menos, devido a duas possíveis razões: diminuição da atividade econômica (quase recessiva) e maior utilização de recursos on-line para prestação de serviços”, avalia.
Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana também detalhou as principais reclamações dos que usam ônibus: lotação, preço da tarifa, frequência, pontualidade, falta de segurança em relação a furtos e tempo de duração da viagem. Ou seja, na percepção do usuário, há poucos veículos para o número de passageiros, a espera nos pontos de ônibus é incômoda, além de favorecer uma situação de risco.
Afora isso, a pesquisa aponta que o paulistano usa mais aplicativos de transporte privado, como Uber, Cabify e 99, que anteriormente alcançavam 5% da população. Na contramão, apenas 1% escolhem os táxis, sejam os convencionais, sejam os de aplicativo, a exemplo de EasyTaxi, SPTaxie. Cresce também a predisposição dos usuários frequentes de carro em deixar de usá-lo. Essa predisposição apresenta maior crescimento entre os moradores das regiões Leste e no Centro. “Possivelmente, isso é motivado pelo preço dos combustíveis”, comenta Côrtes.
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