Para professor, PCC atua como irmandade semelhante à maçonaria

Gabriel Feltran, docente da UFSCar, discute segurança pública e atuação de facções criminosas em especial do USP Analisa

 05/09/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 10/09/2019 às 11:50
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Segurança pública, no Brasil, é uma preocupação constante entre a população. Apesar da queda na letalidade violenta, que teve seu pico em 2017, com 31,6 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, a expansão de facções criminosas e a ausência de políticas públicas nas periferias tornam cada vez mais distante uma solução definitiva para a violência. Para discutir esse tema e entender a dinâmica do crime organizado, o USP Analisa exibe, a partir desta semana, um especial de dois programas com o professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos, Gabriel de Santis Feltran.

Ele explica que o que as pessoas chama de “mundo do crime” está relacionado a um conjunto de códigos sociais que se organiza em torno de mercados ilegais. “Os mercados do tráfico de drogas, do roubo de veículos e autopeças e de contrabando, que hoje são transnacionais, e o mercado de furtos, assaltos, roubo de celulares, que são mais locais, estão dando dinheiro para que esse mundo do crime possa existir”.

Feltran também analisa a atuação de uma das principais facções criminosas existentes hoje no Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que teria sucesso em sua expansão por funcionar como uma sociedade secreta semelhante à maçonaria, na qual diferentes atores criminais se associam. 

“Você tem, por exemplo, um cara com pontos de venda de drogas em uma região de São Paulo, outro com um pequeno desmanche de automóveis clandestino e outro que exporta cocaína no porto de Santos. Quando eles se associam no PCC, são economicamente autônomos, ou seja, não estão dividindo o lucro deles com a facção, mas trabalham em pé de igualdade, com o compromisso de um favorecer o outro. Se esse que vende no varejo quer comprar droga mais barato, ele pode se conectar com aquele cara que está no porto, que com certeza vende droga no atacado. Eles vão conversar e um vai favorecer o outro porque eles são da mesma facção, da mesma sociedade secreta, da mesma irmandade”. 

O USP Analisa é uma produção do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) em parceria com a Rádio USP Ribeirão Preto.


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