Pandemia acende alerta para as práticas de atendimento odontológico

Treinamentos de alunos e funcionários, para evitar contaminação durante atendimento clínico, são transformados em vídeo e estão disponíveis para acesso on-line gratuito

 16/04/2021 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 19/04/2021 às 18:36
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Treinamento contou com a simulação de contaminação das luvas por uma “saliva artificial” na cor vermelha – Foto: Forp

 

Atender pacientes em um consultório, seja médico ou odontológico, virou tarefa das mais complicadas desde o início da pandemia de covid-19. E a odontologia se tornou uma das áreas de saúde mais afetadas e com grandes riscos de atendimento neste período. É que a boca é considerada uma das principais vias de transmissão pelo novo coronavírus.

Por conta dos riscos elevados, todos os protocolos de atendimento dos profissionais que atuam na odontologia precisaram ser revistos. E uma das etapas importantes para o retorno aos atendimentos foi a capacitação da equipe profissional que atua nas clínicas odontológicas. Como contribuição, a Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP disponibilizou um curso para todos os alunos e funcionários que atuam na unidade.

Treinamento de biossegurança

Além do curso, os estudantes passaram por um treinamento prático pelas diferentes etapas de atendimento. A professora Andiara De Rossi, chefe da seção de Biossegurança da Forp, destaca “a paramentação e a desparamentação – retirada dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) -, que devem ser realizadas da forma correta para que o profissional não corra risco de ser contaminado durante o procedimento”, como as mais importantes etapas a serem seguidas pelos profissionais da odontologia nos consultórios.

Assim, o treinamento contou com a simulação de contaminação das luvas por uma “saliva artificial” na cor vermelha e, também, com a retirada dos EPIs para que possíveis falhas e contaminação do profissional ficassem visíveis. “Foi uma forma de transformar o invisível em visível”, conta a professora Andiara sobre os esforços da Forp para tornar mais evidente a forma de contaminação pelo vírus.

 

Alunos da unidade participam de treinamento a céu aberto – Foto: Forp

 

Para André Santos, presidente do Centro Acadêmico da Forp, “o treinamento de biossegurança foi importante para relembrar e reforçar os cuidados que devemos ter, não só em época de pandemia ou crises sanitárias”. O acadêmico enfatiza que as contaminações, seja qual for a doença, acontecem, principalmente, “quando baixamos a guarda com relação aos cuidados básicos”. Assim, reforça a máxima de “relembrar e reforçar as recomendações para frear a proliferação do vírus, como lavar bem as mãos, evitar aglomerações e usar máscara de forma correta”.

Presidente da Liga Acadêmica de Odontopediatria da Forp, Eleonora Nardi Campos destaca a importância dos protocolos de biossegurança serem praticados “da faculdade até em casa”. Conta ainda que todo o aprendizado adquirido no treinamento foi passado aos seus pais, que repassaram para amigos, destacando atitudes “que, às vezes, passam despercebidas”, mas que podem fazer diferença enorme.

Outras ações

Curso e treinamento não foram as únicas ações da Forp para o atendimento clínico na unidade. Segundo a professora Andiara, algumas adaptações foram necessárias, principalmente para o retorno presencial dos atendimentos, como a readequação dos consultórios odontológicos e dos espaços de apoio clínicos. “Um exemplo foi a construção de espaços externos ventilados, as chamadas tendas, para a realização do acolhimento e triagem dos pacientes”, explica Andiara.

Durante as consultas, são fornecidas orientações aos pacientes, como a restrição da entrada de acompanhantes e de pertences, que devem ser armazenados em sacolas, descartadas após o término das consultas, além da higiene das mãos, braços e rosto ainda no consultório, logo após o fim da consulta.

Exercício de empatia

Vídeos disponíveis a todo público informam cuidados básicos a serem tomados ao sair de casa – Foto: Forp

 

Segundo o acadêmico Santos, o treinamento serviu para adaptar os cuidados tomados nas clínicas, uma vez que perceberam que qualquer ambiente pode conter uma possível fonte de contaminação. Mas percebeu também que a prevenção e o aumento da cautela são possíveis e desejáveis, pois o momento requer senso de responsabilidade afetiva. “Se for para disseminar alguma coisa, que sejam disseminados o conhecimento e o exemplo da aplicação de boas práticas de proteção”, ressalta.

Empatia foi também a palavra destacada por Eleonora. “Eu acredito que as medidas de biossegurança que estão sendo praticadas, o ato de nos cuidarmos mais ou investir em equipamentos de proteção, neste momento que pede cuidado, são gestos de carinho e cuidado com o próximo.”

O treinamento foi destinado aos estudantes e funcionários da Forp, mas a unidade produziu um vídeo com dicas e orientações para as pessoas se cuidarem depois de saírem de uma consulta médica, do trabalho ou do supermercado. O vídeo está disponível e pode ser acessado gratuitamente no site da Forp.


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