Na coluna Ciência e Cientistas desta semana, o professor Paulo Nussenzveig comenta o artigo do economista Francisco Mejia Uribe, Acreditar sem evidências é sempre moralmente errado, publicado na revista eletrônica Aeon. “Ele chama atenção para o trabalho de um filósofo e matemático inglês, William Kingdon Clifford, que eu desconhecia. Clifford viveu apenas 33 anos, entre 1845 e 1879, e publicou um ensaio cujo título é A ética das crenças, afirma. “O ensaio, publicado em 1877, está disponível online e sua principal conclusão pode ser resumida na frase: “é sempre errado, em qualquer lugar e para qualquer um, acreditar em algo sem evidências suficientes.”
“Clifford apresenta três argumentos principais, em seu ensaio, para afirmar que temos uma obrigação moral de acreditar responsavelmente, ou seja, apenas acreditar naquilo que testamos com suficiente cuidado e que é corroborado por um robusto conjunto de evidências”, conta o físico. “Seu primeiro argumento é que nossas crenças influenciam os nossos atos, com consequências potencialmente sérias”.
“Em seu segundo argumento sobre a imoralidade de fomentar crenças injustificadas, Clifford afirma que isso torna as pessoas excessivamente crédulas e, portanto, vulneráveis a todo tipo de charlatanice”, diz Nussenzveig. “O terceiro argumento de Clifford trata da nossa atuação como comunicadores. Ao elaborarmos crenças baseadas em evidências insuficientes, tendemos a espalhar essas falsas crenças, poluindo o ‘repositório’ de conhecimento coletivo da humanidade”.
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