
Mesmo com o contexto pandêmico vivenciado atualmente, as Olimpíadas de Tóquio, marcadas inicialmente para o ano de 2020, ainda estão agendadas para acontecer em 2021. E, pela primeira vez, o número de mulheres competindo pode chegar a quase 50% dos participantes, segundo dados do próprio Comitê Olímpico Internacional (COI). A história envolvendo a participação feminina nas Olimpíadas passa desde a proibição nos jogos da Grécia Antiga até a primeira participação nas Olimpíadas de Paris, em 1990, com 2,2% de participação feminina.

Mostrando a relevância desse tema, o livro Mulheres e Esporte no Brasil – muitos papéis, uma única luta foi lançado pelo Grupo de Estudos Olímpicos, com organização feita por Katia Rubio, professora da Faculdade de Educação (FE) da USP, fundadora da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte e membro da Academia Olímpica Brasileira. “Este ano, o Grupo de Estudos Olímpicos faz 20 anos, e o lançamento desse livro faz parte das celebrações dessas duas décadas de trabalho. Foi uma produção coletiva, conta com a colaboração dos pesquisadores pertencentes ao grupo, tanto de nível de graduação, de pós-graduação e de pós-doutorado, e foi uma reflexão mais madura desse tema que a gente persegue junto com a história dos atletas olímpicos brasileiros”, comenta Katia.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, ela explica que o livro não fala apenas de mulheres atletas, mas também de técnicas, gestoras, lésbicas e, englobando todo esse contexto, da luta pelo pertencimento e pela quebra da desigualdade que ainda se manifesta no esporte. A professora detalha que, enquanto atleta, existe uma visibilidade em termos de performance esportiva, mas que há toda uma estratégia de apagamento dessa memória, no momento em que ela, como atleta, se retira da carreira esportiva.
“No Brasil, são poucas as atletas que seguem em uma carreira como técnica ou como gestora no pós-carreira. Diferentemente dos homens, que vão para as comissões técnicas, as mulheres vão para outras frentes”, explica.
Para melhorar essa questão, Katia conclui que há a necessidade de incluir políticas de indução, para que se criem modelos identitários de mulheres líderes na gestão ou em posições técnicas e, a partir disso, que mulheres se inspirem nesses papéis e passem a ter o desejo de participar. Para ela, nem mesmo o desejo ainda existe, devido à pouca participação de mulheres e aos poucos exemplos de referência.
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