O programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com a ecóloga Silvana Amaral, pesquisadora da Divisão de Processamento de Imagens da Coordenação de Observação da Terra (OBT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Responsável por monitorar o desmatamento na Mata Atlântica, a equipe em que Silvana atua observou que, somente este ano, o bioma perdeu 13.053 hectares, o equivalente a 35,7 hectares por dia ou 1,5 hectare por hora.
A Mata Atlântica, que se estende ao longo de 17 Estados brasileiros, possui atualmente apenas 8,5% de área original, o que, segundo a ecóloga, indica “uma taxa grande de desmatamento”. Nesse sentido, Silvana justifica o alerta do Inpe pela importância da conservação do bioma quanto à cobertura vegetal que “garante, por exemplo, a segurança hídrica”. Assim, ressalta a pesquisadora, “cada Estado que tem Mata Atlântica tem que cuidar dessa riqueza” para garantir água, alimentação, bem-estar e regulação climática.
Silvana conta que esse serviço de monitoramento da Mata Atlântica é resultado de parceria do Inpe com a Fundação SOS Mata Atlântica; através dele, desenvolvem anualmente o relatório Atlas da Mata Atlântica, identificando, monitorando e mantendo atualizada a situação dos remanescentes florestais e áreas naturais desse bioma. O Atlas é feito desde 1990, “utilizando dados de sensoriamento remoto, imagens de satélite, para olhar onde estão os remanescentes de Mata Atlântica em toda a área do bioma”.
Instituídos pela Lei 11.428/2006, conhecida também como Lei da Mata Atlântica, os limites da mata são definidos quanto à sua utilização e proteção vegetal nativa. E, a partir da iniciativa do Atlas, conta Silvana, ano a ano são analisadas possíveis alterações das áreas remanescentes. Quando é observada uma alteração que ultrapasse os três hectares, aponta, a área deixa de fazer parte do remanescente e entra no cômputo do desmatamento.