As lesões isoladas no côndilo femoral, região de apoio do fêmur, representam 75% dos procedimentos de reparo da cartilagem realizados na articulação do joelho. O transplante nessas lesões, procedimento pioneiro na América do Sul, têm apresentado um resultado muito satisfatório. Em 200 casos, foi observado uma taxa de satisfação de 89% dos pacientes tratados pelo método. O Dr. Luis Eduardo Passarelli Tírico, especialista em cirurgia de joelho, médico assistente do Grupo de Joelho do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, falou sobre o transplante osteocondral a fresco em lesões do côndilo femoral.
Ele esclarece que as lesões da cartilagem articular do joelho podem se apresentar em diversas patologias: após um trauma, após uma estabilidade ligamentar ou uma lesão degenerativa. No joelho, existem diferentes áreas em que a lesão de cartilagem pode estar presente. O estudo avaliou, nesta localização, qual era o resultado com um tratamento com transplante de cartilagem para esse tipo de lesão. As pesquisas anteriores a essa não separavam as lesões. Hoje, sabe-se que o procedimento tem melhores resultados em lesões maiores.
Entretanto, há um requisito principal para o procedimento: é necessário um doador. Assim como no transplante de outros órgãos, o paciente que tem a lesão entra numa fila e, na eventualidade de existir um doador que seja compatível, é selecionado. A cirurgia é feita em até 30 dias após a doação. A recuperação do paciente depende do tamanho da lesão, mas é sempre progressiva, durando no máximo 3 meses. O médico ressalta a necessidade de mais doadores para que mais pessoas se beneficiem desse procedimento. De resto, tudo já está certo: a legislação permite, os resultados de protocolos de pesquisa foram encerrados, e já há também liberação da ANVISA e do Ministério de Saúde para ser realizado rotineiramente.
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