As empresas que, impunemente, causaram prejuízos à saúde humana com seus produtos, como o glifosato, começam a passar por dificuldades. “Os organismos internacionais estão emitindo pareceres contrários às indústrias cada vez mais difíceis de serem derrubados”, avalia o professor José Eli da Veiga. “Isso aconteceu com a indústria do tabaco e do amianto e agora assistimos a mesma coisa com os agrotóxicos e com a indústria química em geral. Nossas expectativas estão se confirmando mais rapidamente do que imaginávamos.”
Eli da Veiga cita o caso da Monsanto, adquirida pela Bayer. Segundo ele, para enfrentar tais problemas, que já estavam previstos, a Bayer fez uma provisão elevada. “Eles conseguiam derrubar laudos médicos contratando pareceres contrários. Mas não imaginavam que a situação estaria tão difícil”, descreve. Há mais de um ano, a Monsanto foi condenada a pagar uma indenização milionária a um jardineiro, nos Estados Unidos, que adquiriu um câncer linfático após ter usado um herbicida contendo glifosato. “Somente no final deste primeiro trimestre foram registrados cerca de 13 mil processos semelhantes, que acusam o produto de ser cancerígeno”, contabiliza Eli da Veiga. “Os tribunais já não acreditam nos pareceres comprados pelas indústrias”, afirma, lembrando também o fato de terem vindo a público documentos, até então secretos, que mostram que as empresas sabiam dos prejuízos que seus produtos causam à saúde.
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