Após 12 decisões consecutivas de corte, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou pela primeira vez a manutenção da Selic em 6,5%. Segundo os técnicos do BC, o cenário externo adverso, a volatilidade do mercado financeiro, além das incertezas do cenário e o crescimento econômico fraco determinaram a decisão. Simão Davi Silber, professor sênior do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), falou sobre as expectativas para a economia.
O economista afirma que o ciclo de queda de juros acabou. Para ele, a frustração do mercado em relação à decisão se deve ao fato de que, segundo a última ata do Copom, havia a possibilidade da continuidade da modesta baixa na taxa de juros. Entretanto, o mercado financeiro mudou neste último mês.
Sobre a retomada da economia, o professor explica que está acontecendo, porém, num ritmo mais lento do que foi previsto: “Para quem levou um tombo do tamanho que levamos, a retomada é bem modesta, mas não estamos mais em recessão. A previsão mais recente de crescimento da economia brasileira é de 2,5%.” O cenário político tem influência no econômico. Para Simão Davi Silber, como, até então, os possíveis candidatos à presidência da República falam muito pouco sobre economia, reformas e ajustes talvez só sejam falados depois da eleição, o que faz com que algumas pessoas esperem 2019 para fazer investimentos de médio e longo prazos.
Outro fator que dificulta, segundo o especialista, é que, em toda a história moderna brasileira, nunca tivemos 2 anos consecutivos de uma recessão. Ou seja, a recuperação vai ser mais difícil, pois quando a recessão é rápida, as empresas se ajustam e a economia volta a crescer. Mas, quando a recessão é longa, as empresas fecham e já não adianta voltar a ter demanda. “É um efeito parecido de quando você pega um elástico e estica muito, ele não volta mais pra posição original”, esclarece o professor.
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