O capital externo está avançando no setor de infraestrutura do País. É o dinheiro vindo de fora que tem garantido os investimentos em petróleo e gás, eletricidade, água, transporte e comunicações. Os estrangeiros, que em 2010 respondiam por 27% dos investimentos privados em infraestrutura no Brasil, agora respondem por 70%. Os dados são de um levantamento da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica, com base nos investimentos privados anunciados para o setor e coletados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Neste ano, o investimento público e privado na infraestrutura deve representar 1,7% do PIB. Segundo o Ipea, seriam necessários aportes de 4,15% do PIB ao ano, por duas décadas, para modernizar o setor. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, José Roberto Savoia, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e da Fundação Instituto de Administração (FIA), falou sobre os investimentos na área de infraestrutura.
Segundo o professor, 2010 foi um ano em que a economia brasileira ainda estava acelerada. A mudança ocorreu por volta de 2014, com a medida provisória nº 574 que ajustou os preços das tarifas de energia, mudança que impactou severamente empresas não só de energia, mas de outros setores, o que inibiu investimento. O governo procurou melhorar as condições de investimentos, aumentando a rentabilidade em leilões de energia, criando planos conjuntos com outros países e sondando investidores para realização de obras de infraestrutura. Isso trouxe forte presença de estrangeiros, que entenderam que o País precisava de infraestrutura, um investimento que não era caro e sem concorrência.
Para ele, a participação de grandes empresas e fundos estrangeiros será fundamental. No setor de energia, o Brasil precisa de mais investimentos, e as empresas estrangeiras proporcionam isso. De acordo com Savoia, é necessária uma atividade regulatória que não seja intervencionista. Com esse balanço, o investimento retorna. O especialista explica ainda que inicialmente o investimento em infraestrutura no País foi dominado por capitais americanos e ingleses, o que não impediu o crescimento. Depois, o investimento foi nacionalizado e agora se vê uma presença maior de estrangeiros.
Na opinião do professor, é necessário criar um ambiente político e econômico que dê segurança, além de rodadas de visitas, troca de informações e estudos para que outros países também queiram investir aqui, o que ele acredita que ocorra após as eleições para a Presidência. “A infraestrutura é uma das áreas onde o investimento gera crescimentos maiores proporcionalmente ao PIB. Se investirmos 1% do PIB em infraestrutura, o crescimento gerado é maior do que 1%. São (investimentos) multiplicadores. Então é isso que devemos fazer: buscar de uma forma incessante a vinda de outros investidores para o Brasil.”