A presença de mulheres na liderança de empresas é cada vez maior. E não se trata de incluí-las apenas para ser ter a aprovação dos consumidores, mas de uma política consistente, fundamentada, que traz resultados e precisa ser respeitada e implementada pelas organizações. Essa é a análise da professora Luciana Morilas, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, sobre a tendência mundial de crescimento do número de mulheres em cargos de direção nos últimos dez anos.
De acordo com Luciana, a meta de “eliminar a discriminação no emprego”, proposta no sexto princípio do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), é um dos principais fatores que impulsionaram a presença feminina nas lideranças de empresas mundiais. Mesmo não se tratando de uma lei internacional ou código de conduta obrigatório, o pacto conta com cerca de 8 mil empresas em 161 países diferentes.
Esse crescimento trouxe diversos pontos positivos para o meio empreendedor, já que “a presença de mulheres em cargos altos aumenta o índice ESG (Meio Ambiente, Social e Governança) e potencializa a lucratividade das empresas”, conta a professora.
Luta contra o preconceito é necessária
Mesmo com os bons indicadores e resultados favoráveis, Luciana acredita que mulheres em cargos de liderança ainda sofrem com o preconceito. Ela destaca que “o costume de ver homens como líderes faz com que as próprias mulheres não acreditem que elas são capazes de ocupar cargos de liderança”.
Como forma de combater as dificuldades, a professora destaca o papel de medidas como “criação de metas quantitativas, para que as empresas ocupem os cargos de liderança com uma porcentagem estipulada de mulheres; a igualdade nas obrigações domésticas, que estruturalmente sobrecarrega as mulheres, e a implementação de contratações às cegas, apenas pelo conhecimento e características dos candidatos”. Essas medidas melhoram sensivelmente a discriminação e aumentam a presença de mulheres em posições importantes, afirma Luciana.
Com a adoção dessas práticas, a professora crê que “a igualdade de tratamento entre homens e mulheres só traz benefícios a respeito da natureza e características de cada pessoa, garantindo um ambiente mais harmônico, decisões mais assertivas e mais lucro”. A tendência é que esse aumento siga positivo nos próximos anos, “e toda a sociedade só tem a se beneficiar com isso”, explica Luciana.
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