O presidente argentino, Mauricio Macri, deferiu mais poderes para as Forças Armadas da Argentina por meio de um decreto. Além de aumentar verba direcionada para a instituição, o ex-presidente do Boca Juniors prometeu maior investimento em equipamentos de vigilância e inteligência. Em seu discurso, Macri justifica que a medida é uma necessidade para combater o narcotráfico na divisa com os vizinhos Paraguai e Brasil.
A nova legislação tem levantado um grande debate dentro do país por uma série de motivos. O principal é o temor da população devido aos traumas da ditadura militar. Os crimes cometidos pelos militares contra a própria população levaram o ex-presidente Néstor Kirchner a promulgar que, ao Exército argentino só é permitido usar a violência em situações de ataques externos. O decreto de Macri contraria a lei de 2006, o que levará o Senado da Argentina a avaliar a legalidade da nova medida.
O professor de geografia política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, André Roberto Martin, conversou com a Rádio USP sobre o assunto. Para ele, há uma influência dos Estados Unidos nas decisões do presidente, e a retomada do mito do “inimigo interno”.