A sarcopenia reduz a autonomia da vida das pessoas e é caracterizada por uma perda progressiva de massa muscular e força, interferindo nas mais simples atividades do cotidiano do paciente. Pode ser chamada de doença por alterar a condição normal de um indivíduo, mas Guilherme Telles, mestrando e pesquisador do Laboratório de Adaptação ao Treinamento de Força da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, contou ao Jornal da USP no Ar que o mais correto é chamá-la de síndrome ou condição.
Ele comenta que a sarcopenia é comumente associada a idosos, uma vez que o avanço da idade geralmente acompanha um sedentarismo progressivo. “O idoso, que muitas vezes é sedentário, começa a perder massa muscular, e consequentemente há uma perda de força também.” No entanto, ela não é exclusiva desse grupo de pessoas. Para dar outro exemplo, Telles relembra da população que está passando pelo tratamento de câncer. “A quimioterapia é um tratamento bastante agressivo ao corpo. Por isso, existem muitos casos de pessoas nesse quadro que apresentam sarcopenia”, comenta o pesquisador.
A síndrome pode ser confundida com a fibromialgia, outra condição que afeta o sistema locomotor. Porém, a sarcopenia decorre de uma perda muscular progressiva, geralmente só percebida quando já está afetando as atividades cotidianas, enquanto que a fibromialgia costuma ser apontada mais cedo devido às dores extremas que causa. De toda forma, o mestrando incentiva a procura de um profissional para se encaminhar o tratamento adequado, que muitas vezes envolve mais de um especialista.
Ao apontar as possíveis soluções para a condição da síndrome, Telles comenta dois caminhos. Primeiramente, intervenções nutricionais (as famosas dietas) podem não apenas reverter situações de sarcopenia, como também prevenir que ela aconteça. Essa solução pode ser potencializada se associada à principal forma de ganhar massa muscular e retomar a funcionalidade: os exercícios físicos.
Telles aponta dois grandes grupos de exercícios físicos que podem colaborar para reverter o quadro. Os exercícios “de força”, como a musculação que se vê tradicionalmente nas academias, e os exercícios aeróbicos, como correr na esteira e pedalar que estão associados ao sistema cardiovascular. “Esses treinamentos são os estímulos mais eficazes para impedir que esse quadro se desenvolva, e aumentar a qualidade de vida dessas pessoas.”
Ele conclui reforçando a importância dos estudos para remediar essa condição. “A sarcopenia afeta completamente as atividades comuns do dia a dia e gera dependência. É importante desenvolvermos estratégias para melhorar a vida dessas pessoas porque a população brasileira está envelhecendo. Com os estudos que temos na literatura até o momento, vemos que os exercícios físicos têm um potencial enorme para reverter esses quadros.”
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