Estudo de prevenção de HIV traz método inovador e extremamente eficaz

Pesquisa global, que envolve grupos de estudo por todo o mundo, está avançando para as fases finais e propõe nova forma de prevenção

 Publicado: 25/06/2024
Apesar do Truvada e da camisinha serem métodos eficazes e difundidos, ofertados inclusive pelo SUS, ainda assim a injeção é inovadora- Foto: jcomp/Freepik
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Uma nova linha de pesquisa de PrEPs, profilaxia pré-exposição, teve resultados excelentes. O novo medicamento, chamado de Lenacapavir, tem o potencial de melhorar muito as políticas de prevenção de HIV. O método novo consiste em injeções subcutâneas semestrais, diferentemente do modelo atual, o Truvada, comprimido que deve ser ingerido diariamente. Ricardo Vasconcelos, coordenador clínico dos projetos de prevenção de HIV do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, comenta: “A possibilidade de um método de prevenção do HIV que envolve apenas injeções na barriga a cada seis meses como um método eficiente de prevenção é uma excelente novidade”.

Vantagens

Apesar do Truvada e da camisinha serem métodos eficazes e difundidos, ofertados inclusive pelo SUS, ainda assim a injeção é inovadora. Isso por causa da sua forma de aplicação: uma vez a cada seis meses. “A adesão a um método de prevenção é fundamental para que ele funcione. E quando você fala para uma pessoa ‘use camisinha nas suas relações’, alguns vão usar, outros não”, o médico explica. O mesmo vale para o Truvada; já a injeção subcutânea promete ter uma adesão muito maior: “Quando você fala em uma injeção subcutânea na barriga a cada seis meses, parece que é um pouco mais fácil de garantir que as pessoas vão conseguir tomar”.

Ricardo Vasconcelos – Foto: FM

Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde em conjunto com o IBGE, entrevistando mais de 100 mil pessoas no Brasil inteiro, 59% dos respondentes falaram que não tinham usado preservativo nenhuma vez no último ano. A eficácia do preservativo é alta e garantiria uma taxa de risco quase nula, mas apenas se usado toda vez. A ideia é que, com o estudo da Lenacapavir avançando, as pessoas no futuro possam optar pelo método que mais se adequa à sua realidade.

O estudo

Apesar das boas novidades, a pesquisa ainda não foi concluída e mais estudos serão feitos. O grupo de estudo que trouxe os primeiros resultados foi com cerca de 5.300 mulheres heterossexuais na Uganda, das quais nenhuma foi infectada. O Brasil, em particular a USP, é outro centro de estudo, sendo o grupo de homens gays e bissexuais, além de pessoas trans e não binárias.

“Dessa maneira, estamos conseguindo avaliar a eficácia preventiva dessa intervenção em todos os diferentes subgrupos vulneráveis ao HIV no mundo”, explica Vasconcelos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, alguns dos principais grupos de riscos do HIV são homens que fazem sexo com homens, pessoas privadas de liberdade, pessoas que usam drogas injetáveis, profissionais do sexo e transgêneros.


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