O mundo se encaminha para o segundo semestre de 2021 ainda inserido no cenário pandêmico. Durante o segundo ano da crise sanitária, o Jornal da USP no Ar 1° Edição faz um balanço geral da pandemia, refletindo sobre os avanços dos estudos acerca da doença, do vírus e suas variantes, com o professor e doutor Expedito José de Albuquerque Luna, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, especialista na área de Epidemiologia de Doenças Infecciosas.
“A mobilização das comunidades médica e científica em nível mundial foi algo sem precedentes e o conhecimento acumulado avançou rapidamente, e a prova disso são as vacinas altamente eficazes e com tecnologias inéditas”, analisa o professor Luna, embora não haja um tratamento da covid-19. Ainda de acordo com Luna, a vacinação surge para evitar que populações mais vulneráveis se infectem com o vírus e faleçam em decorrência da doença. “Não estava provado que as vacinas seriam capazes de diminuir a transmissão, mas à medida que a vacinação em massa foi progredindo se percebeu que elas também têm efeito de redução na transmissão”, complementa.
Mesmo com a vacinação e a redução de óbitos causados pela covid-19, uma preocupação recorrente tem sido as variantes do vírus, que podem ser ainda mais transmissíveis e preocupantes do ponto de vista sanitário. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as variantes de preocupação e de interesse. “As variantes que demandam preocupação são aquelas que estão associadas à maior transmissibilidade e o controverso e ainda discutível aumento de gravidade que cada variante pode gerar”, explica o professor.
Os cenários da pandemia ao redor do mundo são bem diferentes, mas os países que adotaram medidas restritivas eficazes, associadas a diagnósticos e vacinação, estão obtendo grande sucesso no combate à pandemia. “Os principais exemplos são Israel, a grande maioria dos países da Europa e alguns países que controlaram a pandemia mesmo sem vacinação, como países do continente asiático e da Oceania”, revela Luna.
Por outro lado, há uma fatia mundial de países que não conseguiu se enquadrar nesse cenário de combate eficaz contra a pandemia, na qual o Brasil está inserido. “Os equívocos na condução das políticas de enfrentamento da pandemia adotadas pelo governo federal deixaram o País para trás no processo de vacinação, assim como a falha no mapeamento de diagnósticos”, ressalta. Para o especialista em epidemiologia, essa característica também está, infelizmente, atrelada à América Latina. “O foco da pandemia mudou da Europa, Ásia e América do Norte para a América do Sul neste ano”, explica. No caso do Brasil, o objetivo deve ser o investimento na vacinação da população e na vigilância epidemiológica para combater o vírus e suas variantes o mais rápido possível. “O Brasil tem essa capacidade e já faz isso para outras doenças”, finaliza.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.