São Paulo realizou, no último final de semana, mais uma Virada Cultural, evento tradicional no calendário da cidade. Dessa vez, no entanto, o prefeito João Doria decidiu “inovar” e descentralizar a festa, levando-a para arenas isoladas em vez de concentrar as atrações artísticas nas regiões centrais da cidade, como vinha sendo feito até agora. “Como se a Virada Cultural se tratasse de shows e de eventos, e não do que ela é, uma grande celebração da própria cidade”, diz o professor Guilherme Wisnik.
A proposta do prefeito, segundo o colunista, acabou se revelando um desastre, uma vez que foram feitos altos investimentos para shows que se mostraram vazios ou que foram cancelados. Para agravar ainda mais as coisas, a operação policial realizada na Cracolândia deu “um tom sinistro” à Virada Cultural – uma conjunção de cultura e urbanidade feita da pior forma possível. De acordo com Wisnik, está implícito nessa ação o discurso de que o centro da cidade é um horror e de que o melhor para a Virada Cultural é mudar de ares e procurar endereços mais “sadios”. Ao mesmo tempo, o prefeito abre espaço para grandes incursões imobiliárias na região central da cidade.