No programa Diálogos na USP desta semana, os desafios e as possíveis soluções do sistema de educação brasileiro são abordados em uma conversa com Otaviano Helene, professor sênior do Instituto de Física (IF) da USP e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e Sônia Kruppa, do Departamento de Administração Escolar e Economia da Faculdade de Educação (FE) da USP.
Para Helene, analisar a educação de um país ou região é a forma de medir o desenvolvimento social e cultural, bem como a capacidade de produção econômica. A diferença entre as oportunidades educacionais no ensino básico cria um abismo social que deve ser combatido através de programas que igualem a educação para todos.
“Uma das maneiras de se negar o direito da Educação à enorme maioria da população é negar recursos.” Atualmente, cerca de 5% do PIB é destinado à educação pública, valor que, de acordo com o professor, não é suficiente. “Países que conseguiram superar esses atrasos e criar um sistema educacional igualitário aplicaram cerca de 10% do PIB durante algum tempo.”
Sub-remuneração de professores, superlotação das salas de aula, falta de recursos humanos e de materiais, além da ausência de laboratórios, são alguns dos fatores que influenciam no progresso dos estudantes, e superar isso passa pela questão orçamentária.
De acordo com Sônia Kruppa, as escolas públicas são uma vitória da pressão por parte dos trabalhadores. “Agora, precisamos recuperar a utopia da escola pública, que precisa ser uma escola de qualidade.” A ampliação de direitos como o do ensino público só é possível em ambientes democráticos, onde a classe trabalhadora possa lutar por um Estado de bem-estar social.
“O problema da educação é um problema de projeto de país”, acrescenta a professora. Para ela, é necessário que se garanta à juventude brasileira condições dignas de escolaridade e de projeto de país.
Acompanhe o programa, em sua totalidade, pelo link acima.
Esta edição do Diálogos na USP teve apresentação de Marcello Rollemberg, com trabalhos técnicos de Thales Almeida. A produção é do Departamento de Jornalismo da Rádio USP.