A apresentação de resultados científicos com exageros sobre sua importância e suas implicações, visando a obter exposição midiática, é comentada pelo físico Paulo Nussenzveig na coluna Ciência e Cientistas. “Vivemos numa era “hiperconectada”, em que boa parte da população obtém suas informações através de redes sociais, onde a proliferação de notícias falsas tem alcance inédito. Cientistas estão diante de desafios contraditórios”, aponta. “Por um lado, devemos aumentar a divulgação dos nossos trabalhos, estabelecendo maior contato com a sociedade que, afinal, financia boa parte das nossas pesquisas. Por outro, é preciso fazê-lo com responsabilidade, sem ‘inflar’ resultados, sem fazer marketing enganoso, que arranha nossa credibilidade e aumenta a confusão na hora de definir se notícias são falsas ou verdadeiras.”
“Não sei quem é o autor desse lema da divulgação científica, que sempre procuro seguir à risca: ‘É preciso dizer a verdade, nada além da verdade, mas não necessariamente toda a verdade'”, afirma o físico. “Afinal, pesquisas científicas contêm vários aspectos extremamente técnicos e sofisticados, incompreensíveis para pessoas sem a formação especializada requerida.”
“Hoje, quero ressaltar uma frase atribuída a Francesco Maria Grimaldi, um padre italiano que viveu no século 17 e demonstrou o fenômeno de difração da luz: ‘Não conhecemos a natureza da luz e o uso de belas palavras sem significado é uma impostura'”, afirma Nussenzveig. “O uso de belas palavras desperta a imaginação das pessoas e chama atenção para aquilo que se deseja comunicar. Mas, especialmente quando usadas por cientistas, as belas palavras precisam ter significado.”
Ouça mais no áudio acima.
Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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