O quinto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável está no centro das discussões atuais da sociedade: a igualdade de gênero. Ao visar à erradicação de todas as formas de violência contra mulheres, uma das metas da Agenda 2030 é viabilizar que elas recebam os mesmos incentivos e oportunidades educacionais, profissionais e de participação política que homens, além do igual acesso a serviços de educação, saúde e segurança.
Seguindo a série sobre os objetivos, no quadro UrbanSus, com o professor Marcos Buckeridge, do Instituto de Estudos Avançados da USP, o Jornal da USP no Ar conversou com a professora Eva Blay, fundadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero e coordenadora do Escritório USP Mulheres para comentar sobre a questão de gênero em nível mundial e nacional.
Apesar da conscientização sobre a situação e a necessidade de mudanças, nenhum país resolveu em sua totalidade o problema da subordinação das mulheres, explica a professora. Houve avanços, principalmente nos países nórdicos, onde as mulheres conseguiram ocupar posições de equivalência aos homens e a violência diminuiu. Já nos países subdesenvolvidos, os índices de violência são alarmantes e as novas disposições jurídicas que buscam evitar essa realidade ainda são recentes.
A especialista também ressalta que oferecer condições e oportunidades para as mulheres e meninas demonstrarem seus talentos não seria apenas uma conquista, mas um benefício à sociedade. Eva comenta que o Brasil avançou quanto à consciência sobre a violência e sua não aceitação e em relação ao aumento da escolarização feminina, iniciativa capaz de auxiliar a saúde e bem-estar das crianças, diminuindo a mortalidade infantil, por exemplo. Porém, a maior necessidade é incluir na educação brasileira a questão de gênero, com abordagem e discussão da sexualidade desde cedo nas escolas, afirma.
Quanto ao momento eleitoral, Eva analisa que, além de o País passar por um momento conservador e religioso, os candidatos ignoram o tema e carecem de propostas políticas para mulheres. Por isso, ela retoma a importância da discussão sobre a educação das crianças, desenvolvimento de políticas públicas relacionadas a homens e mulheres e abertura para discutir a questão de gênero.