Baixa adesão à vacinação contribui com surto de sarampo em meio à pandemia

Marta Lopes, do Hospital das Clínicas, lembra que a campanha de vacinação continua e que todos devem se vacinar, em especial crianças e adultos jovens

 24/07/2020 - Publicado há 4 anos
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Em meio à pandemia da covid-19, as cinco regiões do País sofrem um surto de sarampo, que já havia sido erradicado. De acordo com o Ministério da Saúde, de dezembro do ano passado a junho deste ano foram confirmados quase 5 mil casos em 20 Estados brasileiros, inclusive São Paulo. 

A professora Marta Heloísa Lopes, do Departamento de Moléstias Infecciosas, responsável pelo Centro de Imunizações, ambos do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explica ao Jornal da USP no Ar que a pandemia pode também ter contribuído para esse quadro, mas não se pode esquecer do surto de sarampo do ano passado, especialmente no Estado de São Paulo, anterior à covid-19. “A falta de vacinação, sem dúvida nenhuma, contribuiu para o início da epidemia no ano passado, o que, infelizmente, continua”, aponta.

Ela explica que todos devemos estar com a vacinação em dia, mas, especificamente sobre o sarampo, os mais acometidos são crianças de até 4 anos e adultos jovens de 15 a 34 anos de idade. “Por isso”, explica a professora, “neste momento existe uma campanha a fim de que esse público procure os centros para receber uma vacina indiscriminada, como chamamos, ou seja, uma forma de reforçar a proteção do público-alvo”.

Os sintomas iniciais do sarampo podem ser bastante inespecíficos. “O que chama atenção é febre, tosse, coriza e mal-estar. Depois de alguns dias, aparece o exantema, aquele comprometimento da pele, com manchas vermelhas pelo corpo, que se inicia na face e no pescoço, atinge os membros superiores, tronco e, por fim, membros inferiores.” A doutora ainda adverte que o exantema é o que deve alertar as pessoas a procurarem auxílio para um diagnóstico. O sarampo, que em alguns casos pode ser fatal, é altamente contagioso. “Uma pessoa com sarampo pode infectar outras 18. Por isso devemos fazer o diagnóstico e isolar, para que não continue se propagando”, explica. 

Mesmo quem teve suspeita ou confirmação de covid-19 pode receber a vacina, como explica Marta. “Só não vacinamos, de modo geral, no período agudo da infecção, mas isso serve para qualquer doença.” Ela finaliza reforçando a importância de se vacinar e se cuidar contra doenças tão infecciosas: “Não nos vacinamos só para a nossa própria proteção; nós estamos, com isso, protegendo indiretamente aquelas outras pessoas nas quais a doença é frequentemente mais grave”.

Ouça a íntegra da entrevista no player.


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