Auxílio à saúde e à microeconomia deve ser prioridade na pandemia

Com a recessão global, Brasil deveria adotar medidas para diminuir impactos com foco em serviços essenciais, diz Fernando Botelho

 23/03/2020 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 31/05/2020 às 16:20
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Nos últimos dias, o governo federal tem se mobilizado para implementar um pacote de medidas econômicas e atenuar os efeitos do novo coronavírus no País. Com a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) reduzida de 2,1% para 0,02%, o Supremo Tribunal Federal e os ministérios anunciaram liberação de verbas para o enfrentamento do problema, que toma maiores proporções socieconômicas em todo o mundo.

O Jornal da USP no Ar conversou sobre o assunto com o professor Fernando Botelho, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Em sua opinião, a recessão global já está afetando o Brasil, e “a reação do governo a isso tem sido débil, com dissonâncias entre o discurso do presidente, que é irresponsável, com a dos ministros, que vêm tentando se mobilizar”.

No período de quarentena, é necessário que sejam aplicadas medidas que distribuam os efeitos da crise de forma adequada para que o prejuízo possa ser mínimo, como, por exemplo, liberando mais verbas para serviços de saúde e também para a economia produtiva brasileira. O especialista explica que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto dos Gastos prevê que o limite máximo possa ser violado em casos de calamidade pública e, assim que esse período acabar, retorna às condições normais.

Para que o enfrentamento do problema seja efetivo, Botelho defende que passar mais recursos para a saúde deve ser a principal prioridade do governo e, depois, auxiliar as pessoas que vivem em situação de pobreza, incluindo também aquelas que não são atendidas pelo programa Bolsa Família, trabalhadores informais e empresários de pequeno e médio porte. “No Brasil existe essa crença que o empregador é quem deve dar assistência ao empregado, mas isso é uma ideia ultrapassada, que não se adequa à economia que temos hoje, com serviços de entrega e transporte realizados por autônomos”, conta o professor.

Em suma, o economista defende que, a curto prazo, o foco deve ser na microeconomia, e não em planos de salvação econômica em âmbito nacional, como foi o Plano Marshall após a Segunda Guerra Mundial. “Estamos provavelmente passando pela maior crise da nossa geração, então precisamos ter atitudes pró-sociais e entender que teremos que fazer sacrifícios neste momento”, conclui.

Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.


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