Nos últimos dias, o governo federal tem se mobilizado para implementar um pacote de medidas econômicas e atenuar os efeitos do novo coronavírus no País. Com a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) reduzida de 2,1% para 0,02%, o Supremo Tribunal Federal e os ministérios anunciaram liberação de verbas para o enfrentamento do problema, que toma maiores proporções socieconômicas em todo o mundo.
O Jornal da USP no Ar conversou sobre o assunto com o professor Fernando Botelho, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Em sua opinião, a recessão global já está afetando o Brasil, e “a reação do governo a isso tem sido débil, com dissonâncias entre o discurso do presidente, que é irresponsável, com a dos ministros, que vêm tentando se mobilizar”.
No período de quarentena, é necessário que sejam aplicadas medidas que distribuam os efeitos da crise de forma adequada para que o prejuízo possa ser mínimo, como, por exemplo, liberando mais verbas para serviços de saúde e também para a economia produtiva brasileira. O especialista explica que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto dos Gastos prevê que o limite máximo possa ser violado em casos de calamidade pública e, assim que esse período acabar, retorna às condições normais.
Para que o enfrentamento do problema seja efetivo, Botelho defende que passar mais recursos para a saúde deve ser a principal prioridade do governo e, depois, auxiliar as pessoas que vivem em situação de pobreza, incluindo também aquelas que não são atendidas pelo programa Bolsa Família, trabalhadores informais e empresários de pequeno e médio porte. “No Brasil existe essa crença que o empregador é quem deve dar assistência ao empregado, mas isso é uma ideia ultrapassada, que não se adequa à economia que temos hoje, com serviços de entrega e transporte realizados por autônomos”, conta o professor.
Em suma, o economista defende que, a curto prazo, o foco deve ser na microeconomia, e não em planos de salvação econômica em âmbito nacional, como foi o Plano Marshall após a Segunda Guerra Mundial. “Estamos provavelmente passando pela maior crise da nossa geração, então precisamos ter atitudes pró-sociais e entender que teremos que fazer sacrifícios neste momento”, conclui.
Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.