Com a pandemia de covid-19, crianças pequenas e bebês recém-nascidos constituem um grupo vulnerável em fase de intenso desenvolvimento e formação de hábitos alimentares que podem ser influenciados pela mudança de rotina imposta pela quarentena. Considerado o melhor método para alimentar um bebê, apenas 38% das crianças no Brasil são alimentadas exclusivamente com leite materno nos seis primeiros meses de vida, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado em 2017.
Em situações normais, a mãe lactante já convive com diversos fatores externos que podem influenciar na produção de leite e, com a pandemia trazendo um novo fator de estresse, essa produção pode ser ainda mais comprometida, como explica Lígia Paschoal, psicóloga da Faculdade de Saúde Pública da USP: “Existem alguns estudos que demonstram, por exemplo, uma associação entre vivências de estresse e ansiedade por parte da mulher e uma redução na produção de leite. Eu tenho uma série de relatos de mulheres que contam que após alguma situação, algum evento particularmente difícil da vida, observaram uma redução na produção de leite ou até mesmo uma interrupção, o famoso “o leite secou”. Têm alguns relatos que dizem que isso aconteceu de uma maneira muito, muito brusca ou ao menos percebida como tal por elas”.
Lígia destaca que, embora a amamentação seja extremamente importante, deve ser uma escolha da mulher e, caso não seja possível de se realizar, o aleitamento materno pode ser substituído por outras iniciativas que visam a cumprir a função primária de alimentar, e, também, prover a proteção e afeto que o bebê necessita.
É recomendado que o aleitamento materno aconteça de forma exclusiva até os seis meses de idade, sem acréscimo de nenhum outro alimento ou bebida, até mesmo água. Depois deste período, o desmame deve acontecer de maneira gradual com a introdução de novos alimentos, como explica a nutricionista Viviane Laudelino Vieira, da Faculdade de Saúde Pública da USP: “A alimentação vai complementar aquilo que o leite vai oferecer para ela, então o leite continua sendo o principal alimento até um ano de idade e aí a criança vai se preparando, vai aprendendo como ela precisa se alimentar, como lidar com os alimentos para quando o leite não for mais presente, ou pelo menos ele não estiver presente com tanta frequência”.
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