“A 5ª temporada de Black Mirror chegou incensada pelo anúncio das imagens gravadas em São Paulo. Pura decepção. Com roteiros fracos, imagens banais e nenhuma surpresa” – comenta Giselle Beiguelman em sua coluna Ouvir Imagens, da Rádio USP (clique no player acima). “Esperei essa temporada como uma espécie de recompensa para a chatice que foi o tão alardeado especial interativo, o filme Bandernach, lançado em outubro último, que teve como trunfo nos recordar como era a vida na época do CD-ROM. E nada mais que isso.”
A professora conta que toda a decepção se justifica porque as primeiras quatro temporadas abordaram as tecnologias de comunicação e informação contemporâneas, de forma crítica, pelo prisma das relações entre cultura, mídia e sociedade. “André Lemos, um dos principais teóricos das redes e professor da Universidade Federal da Bahia, escreveu um livro sobre a série, no qual comenta a cartografia simbólica de Black Mirror”, observa. “Porém, isso não se repete na nova temporada. O primeiro episódio, o que se passa em São Paulo, é definitivamente o pior. Não vou entrar em detalhes para não contar aqui o episódio, mas basta dizer que o enredo gira em torno de uma relação entre dois amigos que, a partir de um jogo em realidade aumentada, vai ganhando contornos de uma relação amorosa”, comenta.
Imagens do Copan e do viaduto Santa Ifigênia estão no filme, mas em um cenário inerte. “Enfim, me pergunto se a fragilidade desta 5ª temporada, de uma série que já foi tão crítica e premonitória, no seu retrato distópico do nosso tempo, não é um efeito de uma realidade que se tornou muito mais distópica que a ficção”, questiona Giselle Beiguelman.
Mais informações sobre Black Mirror e o livro do professor André Lemos você encontra em www.desvirtual.com
Ouvir Imagens
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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