USP SUSTENTÁVEL

USP Sustentável e o compromisso com a transição energética

Por José Aquiles Baesso Grimoni, coordenador, e Fábio Frezatti, facilitador dos Grupos de Trabalho de Transição Energética da USP

 Publicado: 06/03/2025 às 15:17
José Aquiles Baesso Grimoni – Foto: CV Lattes
Fábio Frezatti – Foto: FEA-USP

USP Sustentável

A USP se destaca como referência em sustentabilidade, implementando diversas iniciativas voltadas para a transição energética. Este artigo explora a trajetória da Universidade nesse contexto, enfatizando suas principais ações e o compromisso da gestão universitária com a sustentabilidade energética.

Evolução do Programa USP Sustentável

A USP tem demonstrado um compromisso contínuo e amplo com a sustentabilidade, refletido em sua ascensão nos rankings internacionais. Em 2024, a Universidade alcançou a 5ª posição no UI GreenMetric World University Ranking, consolidando-se como a instituição mais sustentável da América Latina.

Esse reconhecimento é resultado de uma série de iniciativas implementadas ao longo dos anos, focadas na redução do impacto ambiental e na promoção de práticas sustentáveis nos campi. A gestão da Universidade tem priorizado a integração de políticas ambientais em suas atividades acadêmicas e administrativas, promovendo uma cultura de responsabilidade socioambiental entre estudantes, professores e funcionários.

Além disso, a Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP tem participado ativamente de eventos internacionais, como a COP 29, alinhando as metas da Universidade com os compromissos climáticos globais e promovendo a integração de práticas sustentáveis em todas as esferas da instituição.

Em 2024, a USP lançou a Cátedra Clima & Sustentabilidade, liderada pelo climatologista Carlos Nobre. A iniciativa visa desenvolver pesquisas e soluções para a crise climática, com foco na transição para fontes de energia renováveis e na promoção de práticas sustentáveis.

A segmentação dos esforços pode ser separada em três dimensões, alinhadas com os objetivos estratégicos da Universidade:

  1. A formação de profissionais capacitados é essencial para enfrentar os desafios da sustentabilidade no seu sentido amplo. A USP tem incorporado em seus cursos conteúdos que abordam as novas tecnologias e inovações no setor energético, preparando os estudantes para atuarem em um mercado que demanda soluções sustentáveis. Esta dimensão permeia a Universidade dentro da sua estrutura e campi. O tema sustentabilidade é coberto por mais de 50 disciplinas e existem mais de 250 projetos tratando o tema.
  2. Atuação nas várias dimensões globais referente à sustentabilidade, com coordenação da Superintendência de Gestão Ambiental, destacando água, configuração e estrutura, energia e mudanças climáticas, transporte e educação. A Universidade tem sido palco de debates e encontros que discutem o avanço das energias limpas na América Latina. Eventos como o Transição Energética e ODS7 – Energia Limpa e Cogeração: Caminhos para uma Matriz Energética Sustentável promovem a troca de conhecimentos e a disseminação de práticas sustentáveis no setor energético.
  3. Transição energética, por meio de Grupos de Trabalho com desenvolvimento específico de cada tema e ao mesmo tempo buscando sinergia entre as várias ações.

A USP criou três programas na década de 1990, o Pure (1997), o Pura (1996) e o USP Recicla (1994), que se propunham respectivamente fazer a gestão de energia, água e de resíduos, visando um campus sustentável. Esses programas foram inovadores na época e conseguiram com suas ações resultados interessantes na gestão e na redução do consumo de energia elétrica, de água e da produção de resíduos e também no destino dos resíduos produzidos pela USP.

Os programas Pura e Pure tiveram várias ações educativas junto à comunidade, como campanhas de enquadramento dos contratos de consumo, criação de um sistema de gestão de contas de energia, campanhas de trocas de equipamentos por outros mais eficientes, criação de listas de compras de equipamentos mais eficientes.

Foram feitos editais de projetos de eficiência energética com trocas de equipamentos, muitos financiados com recursos das empresas de energia ou com recursos próprios e os ganhos obtidos foram redirecionados para novos projetos. Em 2015 os programas Pure e Pura foram fundidos no programa PUERHE.

Iniciativas de transição energética na USP

A transição energética é um dos pilares centrais das ações sustentáveis da USP. A Universidade tem investido em diversas frentes para reduzir sua dependência de fontes de energia fósseis e aumentar a utilização de energias renováveis. Foram estruturados Grupos de Trabalho para desenvolver projetos específicos, com cronogramas e verbas destinadas, com lideranças estabelecidas.

Instalação de sistemas fotovoltaicos

A USP tem investido na instalação de painéis solares fotovoltaicos em diversas unidades, visando à geração de energia limpa e à redução da dependência de fontes fósseis. Esses sistemas convertem a energia solar em eletricidade, contribuindo para a sustentabilidade energética da Universidade. O potencial de implementação desse projeto é muito relevante e várias unidades têm projetos em fase de implementação.

Eficiência energética

A universidade tem implementado medidas para otimizar o consumo de energia em seus campi. A medição e caracterização dos usos da energia elétrica são essenciais para propor ações de eficiência energética e de conservação e uso racional de energia. A implantação de sistemas de medição de energia elétrica de todas as unidades e também a realização de diagnósticos energéticos nos prédios têm sido feitas regularmente para propor ações de redução de consumo. Como ações temos a modernização de sistemas de iluminação pública e da interna aos prédios, sistemas de climatização e sistemas de refrigeração e automação predial, visando à redução do consumo energético e à minimização de desperdícios. Além disso, programas de conscientização incentivam a comunidade acadêmica a adotar práticas de conservação e de uso racional de energia no seu dia a dia.

Segurança energética

Para garantir a segurança energética, a USP tem investido na modernização da rede elétrica de distribuição de energia com projeto de expansão da rede e maior segurança no suprimento de energia elétrica com a expansão da rede, com mais alimentadores e com a redistribuição dos consumidores por eles e também com alternativas de rotas de suprimento, garantindo assim uma maior segurança e continuidade do suprimento. Assim se tem uma maior resiliência energética na instituição, reduzindo a vulnerabilidade e as possibilidades de interrupções de fornecimento de energia elétrica.

Outra preocupação importante é a modernização da rede de iluminação pública dos campi da USP e a implantação de sistemas de automação desta rede, que permitam monitorar e controlar a qualidade do serviço oferecido e também o consumo de energia elétrica, para garantir maior segurança das pessoas que trabalham e utilizam os campi da USP.

Captura de carbono

A USP está envolvida em pesquisas sobre captura e armazenamento de carbono (CCS), visando à redução das emissões de gases de efeito estufa. Essas iniciativas buscam desenvolver tecnologias para capturar o CO₂ gerado em processos industriais e armazená-lo de forma segura, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

Participação no mercado livre de energia

A Universidade tem explorado oportunidades no mercado livre de energia, permitindo a compra de energia elétrica de forma mais competitiva e sustentável. Essa estratégia possibilita a aquisição de energia proveniente de fontes renováveis, alinhando-se aos objetivos de sustentabilidade da instituição.

Pesquisa e desenvolvimento de novos combustíveis

A USP lidera pesquisas voltadas ao desenvolvimento de combustíveis alternativos, visando uma transição energética sustentável. Esses estudos buscam soluções inovadoras para substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia de baixo carbono, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa. De concreto, parcerias já foram desenvolvidas, tanto para a geração de novas fontes limpas como utilização em veículos, como carros e barcos.

Como pode ser percebido, a Universidade de São Paulo não começa hoje a se preocupar com a sustentabilidade, mas tem uma trajetória consistente, com planos de médio e longo prazos e realizações concretas.

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