Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Engenharia, “considerar os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e de segurança e saúde no trabalho” é uma característica desejável do egresso. Por sua vez, o estudante que tem a oportunidade de obter um duplo diploma fora do País deve ser chamado a refletir sobre o seu papel e suas formas possíveis de atuação. Dado que possui uma experiência multicultural ímpar e a possibilidade de atuar em ambos os países (de origem e de acolhimento), o estudante deve se tornar consciente de que pode (e deve) pôr seus conhecimentos a serviço de grandes questões sociais contemporâneas, retribuindo o que lhe foi proporcionado pela mobilidade internacional. É mais do que incrementar o currículo pessoal, é a oportunidade de ampliar sua visão de mundo.
A mobilidade internacional proporciona ao estudante ganhos técnicos, culturais e competências que o tornam um profissional diferenciado e valorizado. Um estudante em intercâmbio representa ainda a possibilidade de abertura de novas parcerias em pesquisa e inovação, envolvendo interesses comuns e integrando estudantes de graduação, pós-graduação e professores em atividades de pesquisa nos países envolvidos. Nesse processo, o estudante deve ser levado a entender que o intercâmbio não deve ser visto apenas como uma valorização de seu currículo pessoal isoladamente. Ao contrário, o estudante deve ser levado a desenvolver a consciência de que deve atuar pensando no interesse coletivo, contribuindo para os desafios mencionados no início do texto.
Programas de apoio à mobilidade podem ainda favorecer vínculos permanentes de ensino/pesquisa entre instituições, contribuindo para a formação multidisciplinar de recursos humanos aptos a responder aos novos desafios de uma sociedade em transformação. O principal benefício da mobilidade internacional é o de inserir o estudante em um ambiente desafiador que exige adaptabilidade cultural, flexibilidade e comunicação. E isto pode ser um aliado no aprendizado de conteúdos técnicos. Ao aprimorar suas competências técnicas e humanas, o estudante nunca volta o mesmo que foi.
O Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP está há mais de 20 anos mantendo programas de mobilidade acadêmica (intercâmbios e duplo diploma) com instituições francesas. A seleção de bolsistas e o apoio dado pelo programa Capes Brafitec à mobilidade internacional de estudantes e professores, o acompanhamento dos intercâmbios, a inserção profissional por meio de estágios tanto no Brasil como no exterior e a validação recíproca de créditos e de Acordos de Duplo Diploma são etapas de um processo que tem mudado a vida de vários de nossos estudantes. Nos últimos quatro anos, um total de 33 estudantes (dos quais 12 do nosso departamento) foi impactado positivamente pelo programa Capes Brafitec, em uma rede que envolve ainda a UFRJ, a UFRN e mais três instituições francesas (Ensiacet, Ensic e ENSGTI).
A mobilidade internacional de alunos de graduação é, portanto, uma aliada na modernização do ensino de engenharia, na aproximação de grupos de pesquisa e no aperfeiçoamento das competências técnicas e humanas de nossos estudantes.
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