“Série Energia”: Investimentos globais em energia limpa batem recorde de US$ 1,8 trilhão em 2023

Relatório aponta falta de equidade com 90% desses recursos destinados a economias avançadas e à China, enquanto países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, são praticamente esquecidos

 13/12/2024 - Publicado há 3 meses
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Ilustração é uma foto que enquadra uma usina de energia solar, com placas fotovoltaicas e, ao fundo, torres de energia eólica em funcionamento
Países desenvolvidos e China concentram 90% dos investimentos – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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O relatório Fostering Effective Energy Transition 2024, que pode ser traduzido como Promoção de uma Transição Energética Eficaz 2024, do Fórum Econômico Mundial, publicado em junho deste ano, aponta que, apesar de avanços, a transição energética global enfrenta desafios de equidade, segurança e sustentabilidade. O aumento das tensões geopolíticas e a alta dos preços de energia limitam a capacidade de muitos países de reduzir sua dependência de combustíveis fósseis. Para o Brasil, que está entre os países com desempenho positivo no índice de transição energética, esse contexto reforça a necessidade de expandir as energias renováveis e promover a diversificação da matriz energética​.

O relatório destaca que, embora investimentos globais em energia limpa tenham alcançado um recorde de US$ 1,8 trilhão em 2023, cerca de 90% desses recursos foram destinados a economias avançadas e à China, enquanto países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, receberam uma parcela muito menor. Esse cenário limita o ritmo de expansão de tecnologias limpas em economias emergentes e reforça a necessidade de maior apoio internacional para financiamento de projetos de transição energética nessas regiões.

No caso brasileiro, os bons resultados no índice se devem à histórica dependência da energia hidrelétrica, ao aumento do uso de bioenergia e ao recente crescimento da capacidade solar e eólica. Ainda assim, o Brasil enfrenta desafios para fortalecer sua infraestrutura de transmissão e armazenamento de energia, que são essenciais para enfrentar eventos climáticos extremos e para garantir a continuidade do fornecimento energético. Além disso, o País possui uma posição estratégica para liderar a transição na América Latina, o que requer não apenas investimentos, mas também políticas públicas e iniciativas de planejamento de longo prazo.

A dimensão da equidade na transição energética é um tema central do relatório, ressaltando que políticas focadas em justiça social são cruciais para evitar que populações vulneráveis sofram com o aumento dos custos de energia. Para o Brasil, o Fórum Econômico Mundial sugere o fortalecimento de programas de geração distribuída e a inclusão de comunidades locais em projetos de energia limpa, promovendo acessibilidade e oportunidades econômicas. Nesse sentido, iniciativas de parcerias com comunidades indígenas e rurais para projetos de energia limpa são destacadas como uma estratégia de sucesso.

A urgência da sustentabilidade é enfatizada pelo relatório, que projeta uma necessidade crítica de limitar o aumento da temperatura global para 1,5°C. Para alcançar esse objetivo, o Brasil e outros países precisam intensificar seus investimentos em eficiência energética e energias renováveis. O fórum sugere que a adoção de tecnologias como hidrogênio verde e baterias de armazenamento pode ser decisiva para a segurança energética e para a sustentabilidade de longo prazo do sistema energético brasileiro​.

Por fim, o relatório menciona a necessidade de inovação tecnológica, incluindo inteligência artificial, para otimizar a eficiência energética e reduzir custos no setor. No Brasil, essas inovações podem contribuir para maior resiliência da rede elétrica e para a integração de fontes renováveis.

A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.


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