Nova disciplina de graduação combate desinformação e estigmas relacionados ao câncer

Ligada ao Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão, a nova disciplina é interdisciplinar

 18/06/2024 - Publicado há 1 mês     Atualizado: 21/06/2024 as 16:14
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A virtual da disciplina PRG0033 – Precisamos Falar de Câncer – Foto: Reprodução/Fábio Siviero

A Pró-Reitoria de Graduação (PRG) lançou, neste ano, uma disciplina optativa de graduação ligada à oncologia e ao combate à desinformação acerca do tema. A matéria surgiu a partir de uma ideia do Grupo Educação e Comunicação do Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão (C2PO, como é conhecido), criado em 2023 pela Reitoria e coordenado pelo professor da Faculdade de Medicina (FM), Roger Chammas.

A disciplina PRG0033 – Precisamos Falar de Câncer: Projetos Interdisciplinares de Combate à Desinformação e Preconceitos almeja formar estudantes de diversas unidades da USP com uma visão crítica, de modo a produzirem trabalhos e pesquisas que combatam informações falsas e estigmas ligados ao câncer.

Relacionando áreas das ciências biológicas, da saúde, das ciências humanas e sociais aplicadas, a disciplina conta com docentes de diversas áreas, uma equipe de especialistas em oncologia, estagiários e pós-graduandos, e utiliza uma metodologia de ensino orientada por projetos.

Para o pró-reitor de Graduação, Aluísio Segurado, “as disciplinas oferecidas pela PRG têm como objetivo proporcionar aos estudantes de graduação uma formação interdisciplinar em temas de relevância, de acordo com demandas da sociedade. A disciplina sobre oncologia e desinformação cumpre integralmente esse papel, dada a importância do câncer como problema de saúde global”.

Segundo o professor responsável pela disciplina, Fábio Siviero, e a equipe de coordenação, na primeira metade do curso, são abordados temas amplos relacionados ao C2PO, para que os estudantes tenham aulas introdutórias sobre câncer, suas causas e estratégias gerais de combate e pesquisa; em seguida, aprendem sobre como o conhecimento científico é produzido, a caracterização e o funcionamento da desinformação, tópicos específicos sobre comunicação, divulgação científica e produção de texto jornalístico. Os alunos ainda têm a oportunidade de conhecer projetos comunicacionais, como o OncoCiência, outra iniciativa do Grupo Educação e Comunicação.

Já a segunda metade da disciplina é voltada ao desenvolvimento de projetos que articulam os conceitos vistos nas aulas, com apoio de especialistas, para a produção de peças de comunicação. “Enfrentar o câncer na era da desinformação requer preparar os profissionais a fazê-lo. Para isso, articulamos conteúdos científicos, educacionais e comunicativos voltados aos estudantes”, comenta o professor Fernando Abdulkader, integrante da coordenação.

[Da esquerda para a direita] Fábio Siviero (IB), Fernando Abdulkader (ICB), Guilherme Andrade Marson (IQ), Roger Chammas (FM) e Claudemir Viana (ECA) – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Para o professor Roger Chammas, “a disciplina tem como objetivo final estimular os estudantes a participar e promover diálogos que visem agregar informações cientificamente comprovadas à sociedade. Esses estudantes contribuirão como formadores de opinião e profissionais mais engajados. Ao mesmo tempo, buscamos habilitá-los para a produção de conteúdos, em mídias diversas, pautados em informação científica sobre temas que sejam de seus interesses”.

Em relação ao perfil dos estudantes que se inscreveram, Siviero destaca a heterogeneidade de momentos da graduação e de cursos, tais como Biomedicina, Marketing, Direito, Psicologia e Engenharias. “Apesar de originários de cursos distintos, os estudantes são bastante engajados e focados no tema da oncologia, por diferentes motivos, como casos na família, por exemplo”.

O vice-coordenador da disciplina, Guilherme Andrade Mason, afirma que a criação da matéria sobre oncologia é de suma importância para o combate à desinformação na área da saúde, que é responsável por aumentar o sofrimento individual com a doença e o número de mortes que poderiam ser evitadas, além de sobrecarregar o sistema de saúde. “Combater a desinformação com ciência extrapola a checagem de fatos, e fazendo isso, a USP defende a ciência como instituição. Nessa disciplina, mobilizamos o tripé fundamental da Universidade”, completa ele.

Também fazem parte do curso o professor da Faculdade de Educação (FE), Agnaldo Arroio; os professores da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Claudemir Edson Viana e André Chaves de Melo Silva; e a professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Mariana K. Osako.

As aulas da disciplina optativa tiveram início no dia 4 de março de 2024 e se estendem até 1° de julho, em formato não presencial, com um encontro síncrono semanal por videoconferência. Durante esses encontros, são realizadas atividades que envolvem apresentação de conteúdos, trabalhos em grupo e interações dialógicas.

* Estagiária sob supervisão de Erika Yamamoto


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