As drogas “K” não podem ser chamadas de maconha sintética

Segundo João Paulo Lotufo, ela é uma droga com alto potencial lesivo para quem usa e para quem está do lado de quem usa, podendo levar à morte

 06/11/2023 - Publicado há 8 meses
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A coluna de hoje (6) faz um alerta sobre dois termos mal utilizados no que diz respeito à maconha. O primeiro é “a famosa maconha medicinal e outra é a maconha sintética. O que é medicinal na maconha são os canabinoides, que já têm na medicina utilizações clássicas como crianças que convulsionam e não melhoram com um tratamento habitual, crianças com  hipertonia etc. Agora estão chamando de maconha sintética as drogas K (K2, K4, K9). Elas são drogas sintéticas, desenvolvidas em laboratório, com alto potencial destrutivo. Uma reportagem recente no programa de televisão Profissão Repórter diz que o termo maconha sintética traz uma falsa ilusão de que elas não fazem tão mal, a mesma coisa a maconha dita medicinal.

São dois termos mal utilizados, maconha medicinal e maconha sintética. A doutora Fernanda Bono Fukushima, que é professora e membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Cannabis da Unesp, diz que a maconha sintética é vendida como maconha artificial, maconha falsa, maconha alguma coisa, com nomes que fazem alusão de que ela é mais inofensiva. Faz parecer uma coisa pouco nociva, mas o que percebemos é que ela é uma droga com alto potencial lesivo para quem usa e para quem está do lado de quem usa, podendo levar à morte.

Esses canabinoides feitos em laboratório podem se ligar aos receptores no cérebro onde a maconha comum se liga, mas com uma potência cem vezes maior. Os efeitos da droga K  nos corpos de pessoas ainda são uma incógnita,  mas especialistas descrevem alguns sintomas: causam dependência, aumentam a depressão, ataques de raiva e agressividade – problema para quem está no entorno -,  paranoia, ansiedade, alucinações, convulsões,  insuficiência renal, arritmias cardíacas e morte.
Quem usa pode ficar agressivo e prejudicar aqueles que estão à sua volta, elas são drogas perigosas, essas drogas chamadas K alguma coisa, e quando chamamos de maconha ela ganha aparentemente um potencial menor. Interessante que Fukushima diz que a gente não encontra overdose de maconha, mas seguramente encontra overdose dessa droga sintética. Lembre que uma hora de narguilé equivale a 100 cigarros consumidos e a droga sintética K tem potência 100 vezes maior que a maconha propriamente dita.

O órgão federal de segurança do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, encarregado da repressão e controle de narcóticos, já alertou que essa droga também pode ser encontrada em cigarros eletrônicos. Ela foi produzida com uma ideia de medicamento para alívio do sofrimento de pacientes, mas “fugiu” do laboratório e acabou sendo distribuída por aí, e já em São Paulo a Secretaria Municipal de Saúde já havia registrado 216 notificações de casos suspeitos de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, mais do que o dobro do ano anterior, isso vai se espalhando. Mas você sabia do poder destrutivo dessa droga? Pense e converse com seus filhos e com seus amigos”.


Dr. Bartô e os Doutores da Saúde
A coluna Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, com o professor João Paulo Lotufo, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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