Quadros de Van Gogh e Picasso são atacados por ativistas

Grupo Just Stop Oil se manifesta contra obras-primas para defender a questão climática, ato divulgado em todas as redes sociais e na mídia

 24/10/2022 - Publicado há 1 ano
Por

 

O que leva duas ativistas ambientais a invadir o Museu National Gallery de Londres, Inglaterra, para jogar uma lata de molho de tomate no quadro Girassóis, do pintor holandês Vincent Van Gogh? A professora e artista da FAU-USP, Giselle Beiguelman, explica na coluna Ouvir Imagens, na Rádio USP (clique e ouça o player acima), a razão dessas manifestações.

“São ataques ativistas de um grupo que se chama Just Stop Oil, que se insurge de diferentes formas contra uma obra de arte consagrada para chamar a atenção para suas pautas ambientalistas”, explica Beiguelman. “Foi isso o que ocorreu também na National Gallery of Victoria, em Melbourne, Austrália, quando os ativistas colaram suas mãos a um quadro de Picasso.”

Beiguelman ressalta que são ataques simulados. Isto é, não danificam as obras. “No caso do Picasso, aderiram a uma capa protetora, no de Van Gogh, atingiram o vidro. O mais importante desses atos não é, portanto, uma tentativa de vandalização, mas a criação de um fato midiático.”
A meta dos ativistas do grupo Just Stop Oil segundo a professora, é criar uma imagem que circule e ponha o assunto, no caso a pauta climática, entre os assuntos do dia. “Mesmo sem comprometer a integridade do quadro, é muito assustador ver a pintura de Van Gogh com molho vermelho escorrendo e aí está a eficácia da ação. Ela é feita para aparecer como imagem e dar a entender outra coisa. Uma ação que se propagou rapidamente pelas redes e nos canais mais tradicionais da mídia, como a imprensa e a televisão.”

Beiguelman vê nessa estratégia uma total aderência à cultura das redes e às formas como ela transformou radicalmente as políticas da imagem, um tema que a professora destacou em seu último livro, Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera, lançamento da UBU Editora.

“Ações como essa mostram que as relações entre política e imagem hoje não são apenas instrumentalizações da imagem, que se converteu no principal lugar de disputas narrativas e embates da nossa atualidade”, observa a colunista. “Mais que lugar e meio de transmissão de ideias e linguagens, a imagem é o próprio campo das tensões políticas. É na imagem, e não a partir dela, que os embates se projetam socialmente.”


Ouvir Imagens 
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.