OAB e Núcleo de Estudos da Violência discutem os 30 anos do massacre do Carandiru

Semana de eventos sobre os 30 anos do massacre do Carandiru é organizada pela OAB-SP com apoio de dezenas de organizações; núcleo da USP participa e lança podcast sobre as prisões e as décadas

 03/10/2022 - Publicado há 2 anos
Remoção de presos da Casa de Detenção, no Complexo Penitenciário do Carandiru – Foto: Daniel Guimarães via Portal Governo do Estado de São Paulo

 

O último domingo, 2 de outubro, marcou exatas três décadas do Massacre do Carandiru, um dos episódios mais brutais já ocorridos no sistema prisional brasileiro, que resultou na morte de ao menos 111 homens, à época presos no Complexo do Carandiru, em São Paulo, sem nenhum preso. A partir desta segunda-feira, 3, inicia-se uma série de eventos presenciais, em uma programação gratuita e com diferentes opções a cada dia, que segue até o sábado, 8, organizada pela Seccional São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), por meio de sua Comissão de Política Criminal e Penitenciária, com apoio de dezenas de organizações da sociedade civil e movimentos, dentre eles o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP.

Logo na abertura da semana, em atividade realizada na manhã deste dia 3, na Câmara Municipal de São Paulo, Paulo Sérgio Pinheiro, cofundador do NEV, marca presença na mesa intitulada Inventário do Massacre do Carandiru. A atividade conta com as presenças de Marina Dias, presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB-SP, Maria Laura Canineu, diretora do escritório Brasil na Divisão das Américas da Human Rights Watch, Maíra Rocha Machado, professora que coordena o projeto Carandiru Não é Coisa do Passado, no Núcleo de Estudos sobre o Crime e a Pena da Faculdade de Direito da FGV-SP, Maurício Monteiro, sobrevivente do massacre e fundador do canal no YouTube Prisioneiro 84.901, Deise Benedito, ex-perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, e Belisário dos Santos Jr., membro da Comissão Internacional de Juristas e Fundador da Comissão Arns. Para assistir à transmissão da mesa de abertura, acesse o auditório virtual Prestes Maia, da Câmara Municipal de São Paulo, neste link.

Na quinta-feira, 6, às 9h30, na Cidade Universitária, campus Butantã da USP, o NEV organiza a mesa de debates intitulada Vidas interrompidas: Juventudes e o Encarceramento em Massa, mediada pela vice-coordenadora do NEV, Bruna Gisi, contando com a participação de Nice Couto, Maria Cristina Gonçalves Vicentin, Lucelia Maria da Silva, João Marcos Buch, Priscila Naves Tardelli e Aline Santiago da Cruz. A atividade acontece no Departamento de Sociologia e Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, no Auditório 8.

No sábado, no período da tarde, a programação será encerrada com uma atividade ao ar livre, no Parque da Juventude, em São Paulo.

Para saber mais e se inscrever, gratuitamente, em cada uma das atividades, é preciso acessar os links no sistema Sympla, conforme indicados a seguir:

Mesa 2: Exibição e debate sobre o filme Deus e o Diabo em Cima da Muralha, segunda-feira, dia 3/10, 18:30, na OAB SP – Sede Secional (saiba mais e se inscreva)

Mesa 3: (In) Visibilidade do Sistema Carcerário: O Que Mudou Desde o Carandiru?, terça-feira, dia 4/10, 9h30, na OAB SP – Sede Secional (saiba mais e se inscreva)

Mesa 4: Cine-Debate: filme Bagatela, terça-feira, dia 4/10, às 19h, no CDHEP – Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo (saiba mais e se inscreva)

Mesa 5: Aspectos Contemporâneos sobre Sistema Prisional e Violência Policial/Estatal, quarta-feira, dia 5/10, no Memorial da Resistência de São Paulo (saiba mais e se inscreva)

Mesa 6: Cine-Debate: filme Prisioneiro da Grade de Ferro, quarta-feira, dia 5/10, 18h, no Largo São Francisco (saiba mais e se inscreva)

Mesa 7: Vidas interrompidas: Juventudes e o Encarceramento em Massa, quinta-feira, dia 6/10, 9h30, no campus Butantã da USP (saiba mais e se inscreva)

Mesa 8: Cine-Debate: filme Sem Pena, quinta-feira, dia 6/10, às 19h, na Ocupação 9 de Julho (saiba mais e se inscreva)

Mesa 9: Justiça Restaurativa como Ferramenta para a Construção do Futuro, sexta-feira, dia 7/10, às 10h, no Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia (saiba mais e se inscreva)

 

As prisões e as décadas

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“O esforço de dar vozes aos que não falavam”

“Novamente se repete, o dia 2 de outubro cai no dia das eleições. Obviamente não é qualquer eleição, a gente está falando de dois projetos políticos em disputa, um que defende a violência de Estado e um projeto que é construído em bases democráticas. A gente precisa realmente rememorar nesse dia, dizer ‘é disso que se trata’, é um projeto que defende isso e um projeto que vai na direção oposta, que denuncia isso.” A declaração é da advogada Marina Dias, diretora executiva do Instituto de Defesa do Direito de Defesa e presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB/SP, para o novo podcast do NEV chamado As Prisões e as Décadas: Carandiru 30 Anos Depois.

O projeto foi lançado oficialmente no dia 30 de setembro de 2022, para tratar de questões relacionadas à agenda de pesquisa sobre prisões a partir da memória do Massacre do Carandiru, que completou 30 anos neste domingo. Ouça o primeiro episódio, disponível no Spotify e diversas outras plataformas de podcast, e siga os canais do NEV para receber os alertas dos próximos:

No primeiro episódio da série, que tem previsão de continuar até o final deste ano, a advogada e ativista Valdênia Paulino, a professora de Direito da Fundação Getúlio Vargas Maíra Rocha Machado, o professor Guilherme de Almeida da Faculdade de Direito da USP e o professor Marcos César Alvarez, coordenador do NEV, são os entrevistados pelos pesquisadores Gustavo Higa e Gorete Marques, do NEV, e Isabela Cunha da Faculdade de Direito da USP.

“Os dados oficiais trazem 111 mortes, mas nós acreditamos que o número é ainda maior. Estamos falando de homens jovens, que tinham filhos pequenos, estamos falando de perspectiva de vida de pelo menos 50 anos retirados das vítimas do Massacre do Carandiru”, começa Valdênia Paulino, que revive também, na conversa, sua experiência de atender às famílias de homens presos, alguns deles no Pavilhão 9, naquela tarde de eleições em São Paulo.

Memórias, releituras, reflexões e a chamada para uma agenda para manter viva a história e o significado desse massacre. Esses são os tópicos deste primeiro episódio, no qual também são mencionadas atividades já realizadas a respeito do tema, assim como as que começam na manhã desta segunda-feira, 3, articuladas pela OAB/SP e dezenas de parceiros, entre eles o NEV. Acesse a programação completa dos eventos realizados na semana de 3 a 8 de outubro.

O episódio também dá início à movimentação para a chamada de atividades para a sexta edição do Seminário Pesquisa em Prisões, realizado pelo NEV em parceria com a Associação Nacional de Direitos Humanos, Pesquisa e Pós-Graduação (Andhep), previsto para o final de novembro, cujo fio condutor servirá também para os temas dos próximos episódios do podcast.

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Com informações do NEV

 


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