Quebra de patentes de remédios representa importante passo para o acesso à saúde pública

A avaliação é do médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, que, juntamente com o professor Calixto Salomão Filho, analisa a importância de uma política de quebra de patentes para o barateamento e acesso a medicamentos

 28/04/2022 - Publicado há 2 anos
Por

Flic

O presidente Jair Bolsonaro vetou projeto que disciplina licenças compulsórias a imunizantes e medicamentos – Fotomontagem com imagens de Wikimedia Commons e Pixabay: Adrielly Kilryann/Jornal da USP
Logo da Rádio USP

O projeto que disciplina licenças compulsórias a imunizantes e medicamentos durante a pandemia foi barrado pelo presidente Jair Bolsonaro. Com isso, o Congresso deve analisar o veto presidencial. Vamos entender quais as consequências desse veto para o País e principalmente para a população que depende da saúde pública.  

Calixto Salomão Filho – Foto: Reprodução/Facebook

Para começar, é bom esclarecer o termo “quebra de patente”,  o correto é “licença compulsória”. Toda a patente precisa ser registrada em um órgão que regulamenta a propriedade intelectual. No Brasil, a validade é de no  máximo 20 anos, como explica o professor Calixto Salomão Filho, titular do Departamento de Direito Comercial da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,  especialista em Propriedade Intelectual e Patentes, que nos ajuda a entender o que é uma patente e como funciona. 

A quebra de patente é positiva porque faz com que a fórmula de um  remédio passe a ser de domínio público, permitindo que vários laboratórios possam fabricar e, com isso, baratear o custo. 

O professor Calixto lembrou que o primeiro caso de licença compulsória ou quebra de patente na América Latina ocorreu no Brasil em 2007, durante o governo do presidente Lula, com um medicamento para o tratamento da Aids. 

Gonzalo Vecina Neto – Foto: Reprodução/FSP-USP

Licença compulsória

O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, do Departamento de Política e Gestão em Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, avalia que a licença compulsória significa um passo importante para o acesso à saúde pública.

Ele ressalta a importância de se ter uma política pública de quebra de patentes para que a população tenha acesso a remédios. Mais do que isso, é necessário que existam locais que possam produzir esses medicamentos para que, dessa forma, se possa sair definitivamente das importações de remédios. A ausência de uma política pública na área faz com que o Brasil pague preços altíssimos por remédios que não temos acesso.

 

 


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.