A USP vai às escolas e convoca os estudantes: Vem pra USP!

Por Marilia Pontes Sposito, professora da Faculdade de Educação da USP, Belmira Bueno, professora da Faculdade de Educação da USP e diretora executiva da Fuvest, e Leila Teruya, assistente acadêmica da Fuvest

 25/06/2021 - Publicado há 3 anos
Marilia Pontes Sposito – Foto: Francisco Emolo/USP Imagens

 

Belmira Bueno – Foto: Reprodução Jornal do Campus
Hoje a USP, ao reservar 50% de suas vagas para os egressos do ensino público, com cotas específicas para pretos, pardos e indígenas, assegura a possibilidade de acesso à universidade pública de qualidade a setores historicamente excluídos.

Esses novos caminhos contemplam um conjunto de desafios significativos. De um lado, criar condições favoráveis à permanência daqueles que são aprovados nos vestibulares. De outro, como fruto de um esforço coletivo, estimular as jovens gerações de estudantes do ensino público, principalmente aqueles originados dos setores mais vulneráveis da sociedade, para que conheçam as novas regras e se mobilizem para usufruir dessas possibilidades.

É nesse contexto que a CUCo (Competição USP de Conhecimentos) constitui importante caminho para o efetivo exercício desses direitos. De modo geral, três eixos podem ser considerados nos seus objetivos: 1) o acesso efetivo à informação sobre as novas orientações, de modo que todos e todas possam saber que a USP é uma universidade pública e gratuita que se abre para os setores mais diversificados da sociedade; 2) estimular a adesão, por parte dos estudantes, às reais possibilidades de acesso a uma universidade pública como a USP, visando a construir disposições que favoreçam práticas adequadas para concretizar essa meta; 3) e, finalmente, colaborar para transformações estruturais na cultura escolar, oferecendo uma educação pública de qualidade.

A CUCo busca implementar essas metas atuando junto a escolas e estudantes desde o seu início, em 2017, por meio de um conjunto de práticas que preservam sua dimensão inclusiva. Não se trata apenas de uma competição que seleciona os melhores, mas, pelo contrário, ela compõe um conjunto de ações que colocam seu foco nos alunos e alunas, envolvendo professores e professoras como incentivadores e apoiadores nesse momento crucial do percurso de vida dos jovens.

A dimensão inclusiva da CUCo pode ser observada por meio de diversos indicadores, já publicados neste Jornal, quanto ao número de ingressantes na USP que participaram da CUCo e quanto à sua disseminação na quase totalidade dos municípios paulistas. Ainda, destacamos o envolvimento das escolas de ensino médio regular e EJA da rede estadual, das unidades municipais de ensino médio, bem como de Etecs, Institutos Federais de Ciência e Tecnologia e escolas das universidades.

Resultados preliminares do projeto de pesquisa Iniciativas da USP voltadas para o acesso ao ensino superior, sobre a disseminação da CUCo no Estado de São Paulo, revelam um quadro animador sobre o tipo de escola e o perfil dos estudantes que participam da competição.

Na CUCo 2019, por exemplo, observa-se que foi elevada a participação das escolas mais vulneráveis (Grupo I), no que se refere à adequação da formação do seu corpo docente (AFD) e ao nível socioeconômico médio (NSE) de seus alunos, em patamares muito próximos à participação das escolas com melhores indicadores (Grupo II). Isso significa que a CUCo não se dissemina apenas no interior de escolas públicas com perfil mais qualificado do seu corpo docente, nem atinge somente aqueles que usufruem de melhores condições econômicas.

Chama atenção também o nível socioeconômico, posto que 51% dos participantes da CUCo 2020 declararam ter renda familiar inferior a dois salários mínimos.

Outro aspecto importante a ser destacado incide sobre a presença de estudantes das três séries do ensino médio na realização das provas. Do total de participantes da última CUCo, ressaltamos que aproximadamente 55% estavam matriculados nos dois primeiros anos dessa etapa da educação básica. Desde o início do curso, portanto, favorece-se a criação de expectativas e ações voltadas para o acesso à universidade.

A CUCo também não é uma competição que privilegia as melhores escolas, mas sim uma ação que se volta à valorização e participação de todas as escolas envolvidas, uma vez que todas aquelas que participam da iniciativa são premiadas. Estabelecer um contato estreito com os professores que apoiam os estudantes e propiciar não só a realização das provas, mas também a sua posterior correção, têm sido atividades didáticas enriquecedoras das práticas docentes no ensino médio, que podem ser ainda mais estimuladas por meio de cursos e videoaulas oferecidos no âmbito do programa Vem pra USP!.

Se a diversidade de condições das unidades escolares e do perfil dos alunos que participam da CUCo é uma realidade que atesta o acerto dos caminhos percorridos, não são poucos os desafios que ainda permanecem: aumentar o número de participantes por escola, diminuir cada vez mais os índices de abstenção e aprofundar as práticas pedagógicas que podem ser derivadas das questões que compõem as provas, entre outros.

Mas, inegavelmente, em meio a todas as dificuldades originadas das crises social e sanitária que vêm afetando fortemente o ensino público desde 2020, iniciativas como a CUCo – preservada durante a pandemia – sinalizam que é possível e desejável abrir novos caminhos, preferencialmente de mão dupla. A USP vai às escolas e convoca os estudantes: Vem pra USP!


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