Medo gerado pelo aumento da pandemia pode agravar doenças como o câncer

Casos de câncer estão chegando mais graves após pacientes postergarem tratamento devido à pandemia. O cirurgião Flavio Hojaij aponta que os hospitais estão separando tratamento de covid do de outras doenças

 11/12/2020 - Publicado há 3 anos
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Com uma alta novamente de casos de covid-19, as preocupações com o tratamento de outras doenças se acentuam. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar de hoje (11), o professor e cirurgião da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Flavio Hojaij, comentou que tanto os hospitais públicos quanto os privados estão fazendo contingenciamento, ou seja, separando as áreas de tratamento de pacientes com covid-19 das alas de outras doenças. O médico diz que está havendo toda a atenção necessária nos hospitais para que outras doenças não sejam postergadas, ainda mais na situação atual de aumento de casos de coronavírus, em que outros pacientes ficam com medo de ir a hospitais.

Hojaij alerta aos indivíduos que já tinham doença em curso, incluindo o câncer, para não pararem com o tratamento devido à pandemia, pois pode ocorrer uma atenuação no quadro da doença. Atualmente, com quase nove meses de pandemia, algumas alternativas foram desenvolvidas: o Conselho Federal de Medicina aprovou atendimentos on-line e alguns laboratórios estão com a possibilidade de ir na casa do paciente. Para o professor, as consultas on-line não são a maneira ideal de se realizar o atendimento, mas, em certos casos, permitem um acompanhamento útil e necessário ao andamento das doenças.

Ele explica que é necessário ponderar a gravidade de cada doença. Para Hojaij, uma cirurgia que não tem urgência pode ser postergada nesse período de pandemia, como é o caso de cirurgias estéticas. Porém, em casos mais urgentes, é essencial fazer o tratamento cirúrgico, destaca o professor. Aponta que, em seu consultório, neste ano, fez cirurgias mais extensas que nos anos passados, pois muitos pacientes estavam com casos mais graves após postergar o tratamento. O médico cita dois casos em que houve uma alta no agravamento da doença: câncer de boca, com aumento de úlceras da boca, e câncer de tireoide, em que houve 50% de alta de operações na língua e tireoide e abordagens nos gânglios do pescoço, se comparado ao ano passado.

Hojaij diz que, por vezes, pode ser mais perigoso se contagiar com o vírus em restaurante, onde muitos não estão tão atentos para as medidas de segurança, do que em um hospital, onde há a constante preocupação com o vírus. Ele deixa claro que não recrimina a saída a restaurantes, mas que deve ser feita de maneira cuidadosa, e alerta para que aglomerações sejam evitadas. Em relação aos cânceres, o médico destaca o papel das campanhas que são feitas para a prevenção e pede a todos que continuem fazendo os exames. 


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