
A forma de transmissão do coronavírus não é a mesma do início da pandemia, se compararmos com as características epidemiológicas neste momento no País. No começo, pessoas vindas da Itália e dos Estados Unidos foram aqueles que trouxeram a doença para o Brasil, logo, o vírus só era encontrado em pessoas que haviam viajado ou que tinham tido contato com alguém que havia viajado.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, a professora Ester Sabino, pesquisadora e diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade de São Paulo, comentou que praticamente metade dos casos confirmados no Brasil até a ultima semana (4 a 8 de maio) ainda era, de certa forma, relacionada aos tipos de exposição citados acima.
A professora explica que, com o passar do tempo, a própria casa e o trabalho foram elementos que ocasionaram o alastramento da doença e, em quantidade menor, pessoas que foram aos hospitais. A falta de testes foi um dos aspectos notados durante a primeira fase, quando o número de infectados era menor e a quantidade de testes era suficiente, em geral realizado na rede privada de saúde. A partir do momento em que a doença se alastrou, a quantidade disponibilizada não foi suficiente. Atualmente, é um dos principais desafios para conter o avanço da covid-19.
Apesar das semelhanças encontradas com os Estados Unidos e Europa, na forma como a doença se alastrou, de acordo com Ester, há uma diferença crucial na comparação: as outras regiões citadas não sabiam da existência da doença e, quando souberam, só foram aplicar medidas mais impactantes no combate ao vírus ao perceberem que a doença havia se espalhado completamente, enquanto alguns locais no Brasil, ao verem o que ocorria lá fora, já trataram de adotar medidas que diminuíssem a mobilidade das pessoas, fato que, no início, ajudou a achatar a curva de crescimento do número de infectados.
Ouça a entrevista completa no player acima.
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