As discussões entre os cientistas sobre mudanças climáticas são o tema da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “Há simetria, na comunidade científica, entre aqueles que associam o aquecimento global medido desde o início do século 20 às ações humanas e aqueles que o associam a fatores naturais, ou mesmo negam a ocorrência de aquecimento global? Existe real disputa na comunidade científica a respeito desse tema?”, afirma. “Acho ilustrativo para os propósitos dessa coluna abordar esse assunto. Afinal, as ciências da natureza não são dogmáticas: questionamentos são próprios do espírito crítico que é crucial para o sucesso da ciência.”
O físico aponta que, na história, houve consensos científicos que foram “derrubados” e, muitas vezes, isso ocorreu por influência de vozes inicialmente minoritárias. “Mas aprendemos que, para derrubar um consenso científico, é necessário apresentar evidências sólidas, que possam ser reproduzidas por outros pesquisadores”, aponta, “além de uma visão alternativa coerente que, além de explicar eventuais discrepâncias entre experimentos e a visão atualmente dominante, possa fazer novas previsões que permitam testar a validade das diferentes visões”.
Nussenzveig cita artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2010, o qual estima que entre 97% e 98% dos cientistas ativamente publicando trabalhos em ciência climática concordam com as conclusões dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC. “Portanto, existe um significativo consenso científico de que o clima global está sofrendo mudanças e que o aquecimento registrado tem forte influência de atividades humanas”, destaca. “Isso quer dizer que cientistas não podem desafiar essas noções? Evidentemente que podem. Mas, para refutar a visão predominante, precisam apresentar evidências sólidas, o que não tem ocorrido.”
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Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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