Um gigantesco banco de dados geolocalizado sobre, aproximadamente, 12 mil escolas públicas e particulares do ensino básico da Região Metropolitana de São Paulo está disponível para consulta online por meio de uma plataforma desenvolvida pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP. A plataforma permite obter dados sobre o desempenho e as condições de operação das escolas, informações socioeconômicas, educacionais, e demográficas, bem como compará-los com escolas de sua vizinhança e com os indicadores da região metropolitana, do estado de São Paulo e do Brasil. Também traz dados sobre a infraestrutura de cada unidade escolar e estatísticas educacionais referentes à administração da instituição. A plataforma pode ser usada por qualquer pessoa que queira saber mais sobre educação, e não apenas o público acadêmico. O Jornal da USP no Ar conversou com o pesquisador Rogério Barbosa, do CEM, sobre o processo de desenvolvimento da plataforma e sua aplicações.
As avaliações promovidas pelo governo, como o Enem e a Prova Brasil, ou até avaliações internacionais, já são conhecidas pelo grande público. O que o pesquisador adverte é que devemos olhar para além das notas para avaliar, verdadeiramente, as escolas. “A performance dos alunos pode dar a impressão de que algumas escolas podem ser melhores do que outras, mas há um risco em achar que toda responsabilidade dessa performance diz respeito apenas a condição da escola”, esclarece Barbosa.
Há estudos que mostram que “a origem social do aluno, aspectos culturais da família, a complexidade da gestão da escola – e não apenas a qualidade dos professores – e, também, as características socioeconômicas da vizinhança importam bastante”, comenta o pesquisador sobre o desempenho escolar, e avança: “Temos que enxergar a escola dentro desse contexto maior. Esses estudos indicam que, aproximadamente, 60% da performance do aluno advém de influências externas à escola, em especial da família”.
As influências externas ficam mais claras ao comparar escolas estaduais de diferentes regiões. Barbosa comenta sobre uma escola estadual no bairro de Pinheiro, classe média, que tem professores com a formação parecida aos de outra escola em uma região periférica. No entanto, a performance dos alunos de Pinheiros é maior. O pesquisador esclarece que por se tratar de um bairro de classe médio, Pinheiros possui parques, Sesc, bibliotecas e outros acessos inexistentes na periferia. “Esses pequenos acessos vão se acumulando no ciclo de vida”, comenta o pesquisador, e continua: “Essas coisas parecem não ter muita influência a olho nu, mas uma vida criada ao lado desses acessos é muito diferente a outra sem”.
A proposta da plataforma é dispor das informações de uma forma simples, para um público não-técnico, em especial gestores e os pais interessado no tema da educação. A ferramenta parece um Google Maps, ou seja, é um grande mapa com as representações das escolas. Ao selecionar alguma escola, dois painéis se abrem: um deles informa sobre avaliações e infraestrutura, enquanto o outro sobre informações socioeconômicas. O pesquisador espera que a ferramenta seja utilizada na gestão de políticas públicas.
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