Resultado brasileiro no Pan-Americano não diz muito sobre Tóquio 2020

Katia Rubio comenta que, apesar de o País atingir marca histórica, existe grande diferenciação entre as competições

 13/08/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 29/10/2019 as 9:50
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Os Jogos Pan-Americanos de Lima acabaram e o Brasil atingiu sua melhor marca na história em 56 anos. Ao todo, os brasileiros foram 171 vezes ao pódio, recebendo 55 medalhas de ouro, 45 de prata e 71 de bronze. Quem se deixar levar pela emoção já começa a imaginar uma equipe invencível de atletas para as Olimpíadas de 2020, em Tóquio.

A professora Katia Rubio, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, contou ao Jornal da USP no Ar que é necessário calma porque existe uma grande diferenciação entre as competições. Além disso, o resultado que vimos no Pan-Americano é a continuidade do projeto que se construiu para os atletas competirem na Olimpíada do Rio, em 2016.

“Esse Pan representa o revide de toda preparação do Rio 2016. Era um resultado já esperado no Pan de 2015, em Toronto, e ele veio agora depois das Olimpíadas. Nossa preocupação agora são os jogos de 2023 em diante”, comenta Katia. A ausência de novos nomes aponta, segundo ela, para uma defasagem na preparação das novas gerações. Estamos carentes de investimentos na preparação da base dos atletas, a maioria das medalhas que comemoramos nas últimas semanas são de atletas de projetos antigos.

Os atletas se orgulharam de seus países e impressionaram o público com sua atuação nesses Jogos de Lima 2019 – Foto: Hector Vivas / Serviços de Notícias Lima 2019

Um exemplo disso foi o arremessador de peso Darlan Romani. Atual número dois no ranking mundial, ele conquistou a medalha de ouro com um arremesso de 22,07 metros. No entanto, a professora relembra que sua ascensão era notável e ele já havia ganhado medalha de prata em Rio 2016.

“O Pan não é um grande indicador.” O fato de países como Canadá e Estados Unidos não levarem seus times principais para o Pan-Americano já indica a grande diferenciação que existe entre essa competição e as Olimpíadas. Katia, que também é pesquisadora no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, reforça essa ideia não para desmerecer o resultado dos atletas.

“É importante que o público entenda isso para não começar desde agora a projetar esses atletas como possíveis heróis nacionais em Tóquio 2020, porque a pressão sobre eles começa desde já. Pelas condições que eles têm hoje, os brasileiros estão fazendo muito mais do que se espera deles”, explica.

Ela conclui reforçando que os atletas do Pan “ainda surfam na onda do projeto de preparação para Rio 2016”. Dessa forma, não eram necessários grandes esforços para dar continuidade. Agora, a grande preocupação é a formação de base para a geração que vai encarar o Pan-Americano de 2023 e as Olimpíadas de 2024 e 2028. “Essa geração vai viver a penúria que a geração lá dos anos 50 e 60 viveram.”


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