O historiador de economia Stanley Plácido investigou em sua pesquisa, realizada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o papel da linha Tramway da Cantareira, imortalizada no samba de Adoniran Barbosa Trem das Onze: “Moro em Jaçanã, se eu perder esse trem, que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã…”
Em entrevista ao podcast Os Novos Cientistas, o historiador descreveu a importância do trajeto, cuja construção foi impulsionada pela crise hídrica vivida no Estado de São Paulo causada pelo intenso fluxo migratório no final do século 19. A ferrovia foi construída em 1893 e desativada pelo governo em 1965. “O trem era o principal meio de locomoção da população, carregando também insumos agrícolas, hortifrutigranjeiros e outros gêneros alimentícios. Mais tarde, a linha foi responsável por fazer a ligação da cidade de Guarulhos à capital paulista”, contou o pesquisador.
Em seu trajeto inicial, o trem saía do bairro da Luz, no centro da cidade, e chegava à Vila Galvão. Mais tarde, este trecho foi sendo ampliado até chegar ao município de Guarulhos, na Grande São Paulo. Por um bom tempo, a ferrovia de bitola estreita transportou materiais e pessoas para a construção do reservatório para captação de água proveniente da Serra da Cantareira. Geralmente, os trilhos de bitola estreita (caminho de ferro por onde passa o trem) são de custos mais baixos, embora os de largura normal proporcionem mais conforto aos passageiros e permitam maiores velocidade e capacidade de carga.
O podcast Os Novos Cientistas vai ao ar toda quinta-feira, às 8 horas, dentro do Jornal da USP no Ar, que é apresentado diariamente pela jornalista Roxane Ré (das 7h30 às 9h30) na Rádio USP FM (93,7 MHz).
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