Na engenharia, ele descobriu que seria pesquisador em matemática

Programa de iniciação científica da USP contribui para despertar a paixão de um aluno de Engenharia Elétrica pela matemática

 08/08/2018 - Publicado há 6 anos

Ex-aluno da USP, Guilherme hoje faz pós-doutorado na França e veio ao Brasil especialmente para participar do Encontro Mundial de Matemáticos – Foto: Denise Casatti

 

Quando ingressou na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, Guilherme Mazanti não imaginava que ali se abria uma oportunidade para se tornar pesquisador na área de matemática. No ensino médio, o interesse dele pelas ciências exatas aumentou depois de conquistar duas medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Física, uma em 2003 e outra em 2004. Mas foi quando começou a graduação na USP, em 2016, que descobriu a paixão pela matemática.

“Quando eu estava no colegial, tinha uma visão bem restrita da matemática, pensava que era algo pronto, acabado e não havia nada de muito interessante a se fazer nessa área. Quando entrei na faculdade de Engenharia Elétrica na USP, em São Carlos, comecei a ter aulas de cálculo e geometria analítica, e vi que tinha muita coisa a ser feita”, lembra Mazanti.

No segundo semestre da graduação, quando cursou a disciplina de Álgebra Linear, ele percebeu que realmente gostava de matemática e pensou em participar de alguma iniciativa para aprender mais. Conversando com vários professores, ficou sabendo que Hildebrando Munhoz Rodrigues, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, oferecia um programa especial de iniciação científica. O programa era uma referência para os engenheiros que queriam estudar mais matemática. Guilherme se encontrou com Rodrigues no início de 2007 e passou a participar do programa em fevereiro.

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“O programa do Hildebrando é muito bom, não se limita aos cursos de cálculo, estudamos a parte de análise, que vai se concentrar mais nas demonstrações e na lógica, algo que um estudante de engenharia da USP normalmente não vê. O Hildebrando organiza muito bem o programa com seminários em inglês. Como já tinha interesse em ir à França, sabia que a prova seria em inglês e foi ótimo para ir treinando. Depois de dois anos de iniciação científica, fui para a França, tendo em mente que queria fazer matemática”, conta Mazanti.

O professor Hildebrando com os atuais estudantes que fazem parte do programa de iniciação científica, criado há mais de 20 anos. O professor já orientou 61 projetos de iniciação científica na USP – Foto: Denise Casatti

Antes de concluir a graduação em São Carlos, ele foi aprovado em uma prova da École Polytechnique, na França, e conquistou uma bolsa de estudos para estudar lá. “Foi o programa de iniciação científica com o Hildebrando que me preparou para essa prova. Passei dois anos e meio na França fazendo um programa de duplo diploma. Voltei para São Carlos, terminei o curso na USP, retornei à França para o mestrado e doutorado e, agora, estou fazendo o pós-doutorado.”

Manzati veio ao Brasil para participar do Encontro Mundial de Matemáticos, evento que ocorre até dia 9 de agosto, no Rio de Janeiro, e apresentar o trabalho que está fazendo no pós-doutorado. “A conferência internacional dos matemáticos dá essa possibilidade de você mandar um resumo do seu projeto e, se for aceito, você apresenta em 15, 20 minutos, o conteúdo do seu trabalho.”

Atualmente, o engenheiro é pós-doutorando na Université Paris-Sud, no Laboratório de Matemática de Orsay. O trabalho que apresentou aborda um campo de pesquisa bastante novo na matemática: os jogos a campo médio.

Ele é um dos inúmeros estudantes que já participaram do programa de iniciação científica do professor Hildebrando. A iniciativa é realizada até hoje no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, onde, aos sábados de manhã, você pode assistir aos seminários ministrados em inglês pelos estudantes.

Denise Casatti, especial para o Jornal da USP

 


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