Mortes de jovens negros nas periferias de São Paulo são um problema histórico

Para a assistente social Cláudia Rosalina Adão, o problema tem suas origens na segregação socioespacial e nas políticas de exclusão do escravismo tardio. Ela foi a entrevistada desta quinta em “Os Novos Cientistas”

 02/08/2018 - Publicado há 6 anos
Por

jorusp

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No podcast Os Novos Cientistas desta semana, a entrevistada foi a assistente social Cláudia Rosalina Adão. Em sua pesquisa de mestrado realizada na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a pesquisadora mostra que essa questão é um problema histórico. “Acredito que tal situação vem desde o período da abolição da escravatura, quando as políticas de ‘branqueamento’ foram adotadas e o negro foi deixado à própria sorte, deslocando-se para as periferias das cidades”, conta a assistente social.

No estudo Território de morte – homicídio raça e vulnerabilidade social na cidade de São Paulo, Cláudia analisa como as políticas de exclusão social dos períodos pré e pós-abolição influenciaram nesse processo. A pesquisa foi bibliográfica e traz números que traduzem essa triste realidade. De acordo com o mapa da violência, que ela cita em seu estudo, em 2016, 77% dos jovens assassinados no Brasil eram negros.

A pesquisa, que teve a orientação do professor Dennis de Oliveira, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, virou livro e foi lançado recentemente. A obra mostra como a população negra, principalmente a sua juventude, é a maior vítima de homicídios no Brasil. Cláudia acredita que o problema deve ter maior visibilidade, principalmente na imprensa. “Estes jovens têm suas famílias, têm sonhos”, diz a pesquisadora. “Eles não podem ser tratados apenas como números de uma triste estatística”, recomenda.

O podcast Os Novos Cientistas vai ao ar toda quinta-feira, às 8 horas, dentro do Jornal da USP no Ar, que é apresentado diariamente pela jornalista Roxane Ré (das 7h30 às 9h30) na Rádio USP FM (93,7 MHz).

Ouça a íntegra do podcast.


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