Ondas Gravitacionais detectadas… de novo!

Cientistas confirmam novos sinais da fusão de dois buracos negros. As ondas gravitacionais emitidas durante o evento foram registradas em Dezembro de 2015, três meses após a primeira detecção direta de ondas gravitacionais da história – também causada pela colisão de dois buracos negros. Daniel Vanzella explica a trajetória das teorias de Einstein até a compreensão das ondas gravitacionais.

 16/06/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 18/10/2019 as 11:34
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Cientistas confirmaram novos sinais da fusão de dois buracos negros. As ondas gravitacionais emitidas durante o evento foram registradas em Dezembro de 2015, três meses após a primeira detecção direta de ondas gravitacionais da história – também causada pela colisão de dois buracos negros. A detecção foi feita pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo), nos Estados Unidos.

Nesta entrevista dada a Ana Paula Chinelli e Tabita Said, Daniel Vanzella, físico teórico do Instituto de Física de São Carlos, comenta a descoberta e explica a trajetória das teorias de Einstein até a compreensão das ondas gravitacionais.

A nova colisão de buracos negros

Desta vez, os buracos negros eram mais leves e, por isso, a fusão demorou mais tempo para acontecer. A massa dos buracos negros foi entre 8 e 14 vezes a do Sol (em comparação com 29 a 36 massas solares da primeira observação, ocorrida em Setembro de 2015).

Como resultado, o número de órbitas observadas pouco antes da fusão foi consideravelmente maior do que durante a primeira detecção.

O segundo registro levanta a suspeita de que pares de buracos negros sejam mais comuns do que se pensava. A descoberta deve ajudar os cientistas a desvendar a origem desses sistemas binários.

Esse é um motivo pelo qual as ondas gravitacionais são as mais novas queridinhas de astrônomos e astrofísicos: sua observação tem se mostrado uma nova forma de explorar o Universo e abre uma janela para as origens do Cosmos.

Buracos negros

Buracos negros são organismos de intensidade tão grande que nem mesmo a luz ou a matéria podem escapar deles. A detecção também comprova, na prática, a Teoria da Relatividade de Einstein. De acordo com a teoria, objetos massivos em movimento provocam distorções no tecido do espaço-tempo.

A segunda detecção de ondas gravitacionais ocorreu a uma distância de cerca de 1,4 bilhão de anos-luz da Terra, coincidentemente em distância similar à da primeira. O sinal detectado vem das últimas 27 órbitas dos dois buracos negros antes de sua fusão.

O Ligo

O Ligo usa dois detectores localizados em estados diferentes dos Estados Unidos. No caso da segunda onda detectada, ela chegou aos dois detectores do Ligo quase ao mesmo tempo, indicando que a fonte foi localizada em algum lugar em um anel do céu a meio caminho entre os dois detectores. Na primeira vez, o sinal da onda veio do “sudeste”, batendo no detector de Louisiana antes do que no de Washington.

Os cientistas do Ligo esperam aprimorar os detectores, tornando-os cada vez mais sensíveis aos sinais – mesmo os mais fracos – de ondas gravitacionais.

“Com esta descoberta, nós, seres humanos, estamos embarcando em uma nova missão maravilhosa: a exploração do lado deformado do Universo. Colisões de buracos negros e ondas gravitacionais são os nossos primeiras belos exemplos”, disse Kip Thorne, professor emérito de física teórica do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).

Junto do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, a Caltech foi responsável pela concepção, construção e opera o Ligo.

Clique nas fotos para ler as definições de espaço-tempo, gravidade, buracos negros e ondas gravitacionais.


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