Aumentar a mistura de álcool anidro na gasolina, de forma escalonada, dos atuais 27% para 30% em 2022 e a 40% até 2030, pode ter efeitos positivos do ponto de vista econômico, mas não do ponto de vista ambiental.
O aumento da mistura do anidro na gasolina está na mesa do presidente Temer para ser assinado. Por meio de um decreto, o governo pretende adotar a medida, que faria o Brasil começar a cumprir o Acordo de Paris e diminuir a emissão de gases poluentes e causadores do efeito estufa.

A projeção do governo federal é de que, apenas com o aumento de 30 por cento, a produção de cana passe dos atuais 668 milhões de toneladas para 820 milhões de toneladas em 2026. A moagem da cana destinada ao etanol vai subir de 55% para 61%, diminuindo a dependência que o setor tem da variação dos preços do açúcar, atualmente em baixa, no mercado internacional.
O decreto é também uma regulamentação do programa de biocombustíveis, o RenovaBio, sancionado no final do ano passado como a nova política de redução de poluentes em derivados de petróleo, como a gasolina, e o aumento da participação de combustíveis menos nocivos ao ambiente.
O professor Marcelo Pereira de Souza, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e especialista em meio ambiente, critica a medida. Ele afirma que a produção do álcool anidro ou etanol pelas usinas de açúcar é tão poluente que vai anular os benefícios do decreto.
Ele defende novas matrizes energéticas, como a energia solar. Para ele, os carros movidos à energia são uma solução para eliminar a emissão de gases poluentes tanto na produção quanto na utilização. Ouça a entrevista no link acima.