Aproveitando as comemorações em torno do Dia da Consciência Negra, nesta segunda-feira (20), a colunista Raquel Rolnik faz uma reflexão sobre a presença dos negros em São Paulo, tema que considera muito pouco explorado até mesmo pela sociologia urbana. Rastreando na história, ela lembra que o negro teve uma presença muito forte logo após sua abolição, no século 19, quando havia mais de 30% de negros na cidade. Isso, no entanto, foi diminuindo radicalmente com a chegada dos imigrantes europeus, voltando a se fazer sentir mais fortemente depois dos anos 1940.
O que ela destaca, no entanto, é que não há uma distribuição igualitária do negro nas regiões da cidade. Nos anos 1980, por exemplo, a Brasilândia possuía em seu território 50% de negros. Já o censo de 2010 constata o aumento da proporção de negros no território da cidade, mas também uma radical segregação étnica.
“Em geral, a gente pode dizer que essa presença é muito mais intensa nas periferias da cidade”, argumenta a professora Raquel, que aponta as periferias das zonas norte, sul e leste como concentradoras da população de cor negra em São Paulo. Diante disso, ela não tem dúvidas em afirmar que a segregação não é motivada somente por fatores econômicos, mas também apresenta um componente étnico-racial.