Como a imprensa aborda a questão da violência e quais são as consequências dessa cobertura? Algumas respostas foram apresentadas no “Diálogos na USP” desta semana. O jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, Bruno Paes Manso e o sociólogo e também membro do NEV, Marcelo Batista Nery, falam sobre a relação entre comunicação e violência.

Em se tratando da espetacularização presente na mídia, Nery afirma que o jornalismo impresso apresenta uma qualidade superior ao televisivo, pois passou a abordar questões como a qualificação de policiais, direitos humanos e a influência da realidade local na decorrência dos acontecimentos. O sociólogo explica que a falta de segurança deve ser analisada a partir do contexto do lugar e do perfil de cada pessoa, como o fato de idosos se sentirem mais inseguros do que os jovens.

Para Paes Manso, certas coberturas sobre violência acabam provocando a sensação de pânico na população, ou seja, os aspectos levantados por Nery não são considerados. Por conta disso, ações policiais truculentas são favorecidas. Segundo o jornalista, a imprensa deve abordar o tema buscando pressionar autoridades para a realização de políticas públicas.
Outro ponto discutido foi o grande enfoque da mídia no eixo Rio – São Paulo, enquanto o Norte e o Nordeste apresentam os maiores índices de violência atualmente. Os pesquisadores acreditam que o jornalismo precisa pautar o assunto para que este seja encarado pelos responsáveis por garantir a segurança pública. Para Nery, o jornalismo deve conciliar a dramatização com a responsabilidade social.
Paes Manso e Nery farão parte do curso “Jornalismo Policial”, do dia 9 a 18 de outubro, no Sesc Centro de Pesquisa e Formação, localizado na Bela Vista. Para mais informações, acesse este site.