Qual é o impacto da destruição do patrimônio cultural? Seminário debate casos ocorridos no País

Evento promovido pelo Centro de Preservação Cultural da USP ocorrerá nos dias 26 e 27 de outubro, reunindo pesquisadores de várias áreas do conhecimento

 18/10/2022 - Publicado há 2 anos
Incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro, em 2 de setembro de 2018, é um dos temas de debate em evento sobre destruição do patrimônio cultural – Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

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Discutir as dramáticas destruições do patrimônio cultural nas décadas recentes provocadas por desastres ambientais, falta de conservação e/ou dificuldades das políticas públicas, é o objetivo do seminário Destruições/construções: fragilidades, ameaças e ressignificação do patrimônio cultural. Destacando casos de destruições e demolições, o evento vai refletir sobre os bens culturais, os sentidos das ausências, as identidades, afetos e valores mobilizados pelos moradores, gestores e usuários em seu sentido mais amplo, de monumentos ao patrimônio popular, de obras consagradas a desconsideradas.

Promovido pelo Centro de Preservação Cultural (CPC), da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, com apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), todos órgãos da USP, encontro acontecerá nos dias 26 e 27 de outubro, de forma presencial na Casa de Dona Yayá, em São Paulo.

O seminário conta com a participação de pesquisadores de áreas como antropologia, história, geografia, museologia e arquitetura para discutir em múltiplas dimensões as perdas e os significados do patrimônio, da gestão aos inventários, as soluções e os significados, afetos e memórias presentes nos vestígios e fragmentos, e, finalmente as completudes e ausências das novas materialidades após as perdas. Também participarão representantes de coletivos atuantes na preservação da memória e do patrimônio em São Paulo, como Movimento Pró-Pinheiros, Coletivo Chácara das Jabuticabeiras, GT Brasilândia Ó/Repep, Coletivo Salve Saracura, Coletivo Ururay.

Segundo Flávia Brito, diretora do CPC e professora da FAU, é um evento inédito no Brasil que vai fazer uma abordagem original a partir de casos ocorridos em todo o país sobre esse tema tão urgente. “A realidade das transformações e destruições ao patrimônio não é novidade, mas se agravou nos últimos anos”, lembra a professora. Ela cita como exemplo o caso da privatização do Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, que resultou na demolição de parte do espaço de lazer tradicionalmente ocupado por camadas populares e das arquibancadas do estádio, causando grande comoção entre os paulistanos. Também relembra o incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, de repercussão internacional, e as enchentes e deslizamentos em Minas Gerais que foram temas amplamente noticiados que envolvem políticas de preservação e memória nacional, comprometidas pela precarização e sucateamento das instituições públicas nacionais de preservação. Para ela, são perdas irreparáveis e processos de luto que levam à construção de novos sentidos para as materialidades que restam, os vazios que ficam.

Entre os destaques da programação, está a mesa Museus, destruições, construções: estratégicas de valoração, resistências e resiliências, com as seguintes palestras: Museu Nacional, com Pablo Hereñu (H+F Arquitetos) Museu das Remoções, com Diana Bogado (Unip e Universidade do Planalto Central); A luta e a memória: Museu da Linha do Coque, com Gleyce Kelly Heitor (Oficina Francisco Brennand); A destruição dos restos da destruição, a coleção de Pompeia e Herculano no Museu Nacional, com Anita Almeida (UniRio). A mediação: é de Renato Cymbalista (FAU–USP). Ainda será realizada uma análise sobre a relação entre legislação urbana e destruição do patrimônio cultural em São Paulo.

Programação completa

26 de outubro (quarta-feira)

14h00 – Abertura

14h15-16h30 – Mesa 1

Museus, destruições, construções: estratégicas de valoração, resistências e resiliências

  • Pablo Hereñu (H+F Arquitetos) – Museu Nacional
  • Diana Bogado (Unip e Universidade do Planalto Central) – Museu das Remoções
  • Gleyce Kelly Heitor  (Oficina Francisco Brennand) – A luta e a memória: Museu da Linha do Coque
  • Anita Almeida (UniRio) – A destruição dos restos da destruição, a coleção de Pompeia e Herculano no Museu Nacional
  • Mediação: Renato Cymbalista (FAU–USP)

16h45- 18h30 – Mesa 2

Patrimônio, apagamentos e ressignificações: apagamentos causados por políticas públicas, acidentes e traumas

  • Simone Scifoni (USP) – Parque do Povo, a destruição de um patrimônio
  • Cristina Meneguello (Unicamp) – Destruição e reconstrução em Assunção, Paraguay
  • Flávia Brito do Nascimento (FAU–USP) – Patrimônios populares, patrimônio moderno e a questão da moradia
  • Mediação: Deborah Neves (UPPH)

19h00-20h30 – Mesa 3

São Paulo, coletivos e preservação: a ação dos coletivos que atuam na luta contra a destruição de bairros e pela preservação do patrimônio da cidade de São Paulo

  • Movimento Pró-Pinheiros
  • Coletivo Chácara das Jabuticabeiras
  • GT Brasilândia Ó da Repep
  • Coletivo Salve Saracura
  • Coletivo Ururay

Mediação: Nilce Aravecchia-Botas (FAU)

27 de outubro (quinta-feira)

10h-12h00 – Mesa 4

Centros históricos, desastres e políticas: desastres ambientais recentes nas cidades coloniais tombadas, discutindo as estratégias de gestão, memória e reconstituição

  • Renata Allucci e Maria Cristina Schicchi (Pucamp) – São Luiz do Paraitinga: o rio e os cenários pós-enchente
  • George da Guia (Iphan) e Ana Clara Gianecchini (UnB) – O Casarão de Ouro Preto entre deslizamentos e normativas
  • Nivaldo Andrade (UFBA) – Centro Histórico de Salvador, fragilidades crônicas e agudas
  • Mediação: Maria Lucia Bressan Pinheiro (FAU–USP)

14h-16h30 – Mesa 5

Metrópoles, demolições, valorações: os embates de preservação urbana, o lugar do cotidiano e dos monumentos, a luta pela preservação e os embates no legislativo e nos órgãos de  preservação, diante do planejamento e das políticas de gestão

  • Fernando Atique (Unifesp) – Escombros Memoriais, Relíquias Documentais, Vívidas Consequências: o papel da demolição do Solar de Monjope no Rio de Janeiro dos anos 1970
  • Eneida de Almeida (Universidade São Judas) – O Bixiga entre a pressão do mercado imobiliário e as mobilizações pela preservação do patrimônio cultural e ambiental
  • Mariana Tonasso (Unaso), Claudia Muniz (FAAP) e Mariana Kimie (Repep) – Está tudo dentro da lei: uma análise sobre a relação entre legislação urbana e destruição do patrimônio cultural em São Paulo
  • Silvio Oksman (Mackenzie) – O Estádio do Pacaembu

Mediadora: Andrea Tourinho (Universidade São Judas)

16h30 – Encerramento

 

Seminário Descontruções/Construções: Fragilidades, Ameaças e Ressignificação do Patrimônio Cultural ocorrerá nos dias 26 e 27 de outubro, na Casa de Dona Yayá (rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo). Evento presencial, com inscrições gratuitas neste link. Vagas limitadas.
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Texto adaptado do CPC USP e PRCEU


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