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Discutir as dramáticas destruições do patrimônio cultural nas décadas recentes provocadas por desastres ambientais, falta de conservação e/ou dificuldades das políticas públicas, é o objetivo do seminário Destruições/construções: fragilidades, ameaças e ressignificação do patrimônio cultural. Destacando casos de destruições e demolições, o evento vai refletir sobre os bens culturais, os sentidos das ausências, as identidades, afetos e valores mobilizados pelos moradores, gestores e usuários em seu sentido mais amplo, de monumentos ao patrimônio popular, de obras consagradas a desconsideradas.
Promovido pelo Centro de Preservação Cultural (CPC), da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, com apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), todos órgãos da USP, encontro acontecerá nos dias 26 e 27 de outubro, de forma presencial na Casa de Dona Yayá, em São Paulo.
O seminário conta com a participação de pesquisadores de áreas como antropologia, história, geografia, museologia e arquitetura para discutir em múltiplas dimensões as perdas e os significados do patrimônio, da gestão aos inventários, as soluções e os significados, afetos e memórias presentes nos vestígios e fragmentos, e, finalmente as completudes e ausências das novas materialidades após as perdas. Também participarão representantes de coletivos atuantes na preservação da memória e do patrimônio em São Paulo, como Movimento Pró-Pinheiros, Coletivo Chácara das Jabuticabeiras, GT Brasilândia Ó/Repep, Coletivo Salve Saracura, Coletivo Ururay.
Segundo Flávia Brito, diretora do CPC e professora da FAU, é um evento inédito no Brasil que vai fazer uma abordagem original a partir de casos ocorridos em todo o país sobre esse tema tão urgente. “A realidade das transformações e destruições ao patrimônio não é novidade, mas se agravou nos últimos anos”, lembra a professora. Ela cita como exemplo o caso da privatização do Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, que resultou na demolição de parte do espaço de lazer tradicionalmente ocupado por camadas populares e das arquibancadas do estádio, causando grande comoção entre os paulistanos. Também relembra o incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, de repercussão internacional, e as enchentes e deslizamentos em Minas Gerais que foram temas amplamente noticiados que envolvem políticas de preservação e memória nacional, comprometidas pela precarização e sucateamento das instituições públicas nacionais de preservação. Para ela, são perdas irreparáveis e processos de luto que levam à construção de novos sentidos para as materialidades que restam, os vazios que ficam.
Entre os destaques da programação, está a mesa Museus, destruições, construções: estratégicas de valoração, resistências e resiliências, com as seguintes palestras: Museu Nacional, com Pablo Hereñu (H+F Arquitetos) Museu das Remoções, com Diana Bogado (Unip e Universidade do Planalto Central); A luta e a memória: Museu da Linha do Coque, com Gleyce Kelly Heitor (Oficina Francisco Brennand); A destruição dos restos da destruição, a coleção de Pompeia e Herculano no Museu Nacional, com Anita Almeida (UniRio). A mediação: é de Renato Cymbalista (FAU–USP). Ainda será realizada uma análise sobre a relação entre legislação urbana e destruição do patrimônio cultural em São Paulo.
Programação completa
26 de outubro (quarta-feira)
14h00 – Abertura
14h15-16h30 – Mesa 1
Museus, destruições, construções: estratégicas de valoração, resistências e resiliências
- Pablo Hereñu (H+F Arquitetos) – Museu Nacional
- Diana Bogado (Unip e Universidade do Planalto Central) – Museu das Remoções
- Gleyce Kelly Heitor (Oficina Francisco Brennand) – A luta e a memória: Museu da Linha do Coque
- Anita Almeida (UniRio) – A destruição dos restos da destruição, a coleção de Pompeia e Herculano no Museu Nacional
- Mediação: Renato Cymbalista (FAU–USP)
16h45- 18h30 – Mesa 2
Patrimônio, apagamentos e ressignificações: apagamentos causados por políticas públicas, acidentes e traumas
- Simone Scifoni (USP) – Parque do Povo, a destruição de um patrimônio
- Cristina Meneguello (Unicamp) – Destruição e reconstrução em Assunção, Paraguay
- Flávia Brito do Nascimento (FAU–USP) – Patrimônios populares, patrimônio moderno e a questão da moradia
- Mediação: Deborah Neves (UPPH)
19h00-20h30 – Mesa 3
São Paulo, coletivos e preservação: a ação dos coletivos que atuam na luta contra a destruição de bairros e pela preservação do patrimônio da cidade de São Paulo
- Movimento Pró-Pinheiros
- Coletivo Chácara das Jabuticabeiras
- GT Brasilândia Ó da Repep
- Coletivo Salve Saracura
- Coletivo Ururay
Mediação: Nilce Aravecchia-Botas (FAU)
27 de outubro (quinta-feira)
10h-12h00 – Mesa 4
Centros históricos, desastres e políticas: desastres ambientais recentes nas cidades coloniais tombadas, discutindo as estratégias de gestão, memória e reconstituição
- Renata Allucci e Maria Cristina Schicchi (Pucamp) – São Luiz do Paraitinga: o rio e os cenários pós-enchente
- George da Guia (Iphan) e Ana Clara Gianecchini (UnB) – O Casarão de Ouro Preto entre deslizamentos e normativas
- Nivaldo Andrade (UFBA) – Centro Histórico de Salvador, fragilidades crônicas e agudas
- Mediação: Maria Lucia Bressan Pinheiro (FAU–USP)
14h-16h30 – Mesa 5
Metrópoles, demolições, valorações: os embates de preservação urbana, o lugar do cotidiano e dos monumentos, a luta pela preservação e os embates no legislativo e nos órgãos de preservação, diante do planejamento e das políticas de gestão
- Fernando Atique (Unifesp) – Escombros Memoriais, Relíquias Documentais, Vívidas Consequências: o papel da demolição do Solar de Monjope no Rio de Janeiro dos anos 1970
- Eneida de Almeida (Universidade São Judas) – O Bixiga entre a pressão do mercado imobiliário e as mobilizações pela preservação do patrimônio cultural e ambiental
- Mariana Tonasso (Unaso), Claudia Muniz (FAAP) e Mariana Kimie (Repep) – Está tudo dentro da lei: uma análise sobre a relação entre legislação urbana e destruição do patrimônio cultural em São Paulo
- Silvio Oksman (Mackenzie) – O Estádio do Pacaembu
Mediadora: Andrea Tourinho (Universidade São Judas)
16h30 – Encerramento
Seminário Descontruções/Construções: Fragilidades, Ameaças e Ressignificação do Patrimônio Cultural ocorrerá nos dias 26 e 27 de outubro, na Casa de Dona Yayá (rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo). Evento presencial, com inscrições gratuitas neste link. Vagas limitadas.
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Texto adaptado do CPC USP e PRCEU