Desde que ocorreram os desastres de Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais, a preocupação com a presença de metais pesados nas águas dos rios atingidos escalonou. Frente às pesquisas que mostravam alta concentração de mercúrio e chumbo nos afluentes do Rio Paraopeba – principal afetado por Brumadinho -, um grupo de estudantes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP projetou um filtro formado por bactérias para descontaminar as águas atingidas. Agora, o grupo se prepara para levar o projeto para a maior competição de biologia sintética do mundo, o International Genetically Engineered Machine Competition (iGEM), que acontece em Boston, nos Estados Unidos, entre os dias 31 de outubro e 4 de novembro.
Uma das integrantes do grupo, Giane Ferreira, contou ao Jornal da USP no Ar que o projeto foi criado já pensando em participar do iGEM, inspirado pelas duas equipes do IFSC que participaram da competição em anos anteriores. “Nós vimos que basicamente o que os projetos que se encaixam na competição faziam era procurar motivação em algum problema regional”, explicou.

Então, no início de 2019, com o desastre de Brumadinho, iniciaram uma pesquisa para descobrir as possibilidades de se alterar um organismo para que atue como filtro para esse tipo de água. A graduanda do IFSC disse que, desde que formularam o projeto, eles vêm trabalhando para aprimorar a atuação da bactéria escolhida, a E. coli, comumente usada em diversos estudos.
Ela explica que a ideia para formar esse “filtro de bactérias” é induzir a formação de biofilme – uma comunidade organizada onde as bactérias vivem e se mantém de forma sustentável. Além disso, a E. coli vai tornar mais espessa uma proteína que se liga ao metal pesado, sintetizando e exportando-a. Desta forma, a proteína ligada ao metal ficará presa no biofilme, formando o “filtro de bactérias”.
Giane conta que o grupo contou com apoio financeiro das pró-reitorias de Graduação, Pós-Graduação e Pesquisa para custear a inscrição do projeto na competição internacional. No entanto, eles ainda estão realizando um financiamento coletivo na plataforma Catarse (disponível neste link) para custear gastos laboratoriais dos experimentos, e viabilizar a ida à competição do maior número possível de membros da equipe, que atualmente conta com 19 participantes. Também estão buscando patrocínios de empresas que ajudem a levar o projeto adiante até a formação de um produto comercializável.
Mais informações sobre o projeto e a equipe podem ser obtidas nas páginas oficiais do Facebook e Instagram.
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