Projeto de despoluição de água contaminada por metais competirá nos EUA

Proposta de alunos da USP em São Carlos filtra metais pesados de águas atingidas por desastres como os de Brumadinho

 19/06/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 29/10/2019 as 9:50
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Desde que ocorreram os desastres de Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais, a preocupação com a presença de metais pesados nas águas dos rios atingidos escalonou. Frente às pesquisas que mostravam alta concentração de mercúrio e chumbo nos afluentes do Rio Paraopeba – principal afetado por Brumadinho -, um grupo de estudantes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP projetou um filtro formado por bactérias para descontaminar as águas atingidas. Agora, o grupo se prepara para levar o projeto para a maior competição de biologia sintética do mundo, o International Genetically Engineered Machine Competition (iGEM), que acontece em Boston, nos Estados Unidos, entre os dias 31 de outubro e 4 de novembro.

Uma das integrantes do grupo, Giane Ferreira, contou ao Jornal da USP no Ar que o projeto foi criado já pensando em participar do iGEM, inspirado pelas duas equipes do IFSC que participaram da competição em anos anteriores. “Nós vimos que basicamente o que os projetos que se encaixam na competição faziam era procurar motivação em algum problema regional”, explicou.

Imagem aérea da área afetada pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais (IBAMA) – Flickr CC

Então, no início de 2019, com o desastre de Brumadinho, iniciaram uma pesquisa para descobrir as possibilidades de se alterar um organismo para que atue como filtro para esse tipo de água. A graduanda do IFSC disse que, desde que formularam o projeto, eles vêm trabalhando para aprimorar a atuação da bactéria escolhida, a E. coli, comumente usada em diversos estudos.

Ela explica que a ideia para formar esse “filtro de bactérias” é induzir a formação de biofilme – uma comunidade organizada onde as bactérias vivem e se mantém de forma sustentável. Além disso, a E. coli vai tornar mais espessa uma proteína que se liga ao metal pesado, sintetizando e exportando-a. Desta forma, a proteína ligada ao metal ficará presa no biofilme, formando o “filtro de bactérias”.

Giane conta que o grupo contou com apoio financeiro das pró-reitorias de Graduação, Pós-Graduação e Pesquisa para custear a inscrição do projeto na competição internacional. No entanto, eles ainda estão realizando um financiamento coletivo na plataforma Catarse (disponível neste link) para custear gastos laboratoriais dos experimentos, e viabilizar a ida à competição do maior número possível de membros da equipe, que atualmente conta com 19 participantes. Também estão buscando patrocínios de empresas que ajudem a levar o projeto adiante até a formação de um produto comercializável.

Mais informações sobre o projeto e a equipe podem ser obtidas nas páginas oficiais do Facebook e Instagram.


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